De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Sichuan, na China, o Brasil faz parte da elite na pesquisa de um assunto muito importante: exercícios físicos e hipertensão. O país ocupa o primeiro lugar no ranking das nações que avaliam a relação entre a atividade física e a condição.
“As descobertas oferecem uma visão científica sobre o exercício para a pesquisa da hipertensão, apresentando aos pesquisadores informações valiosas para compreender o status atual da pesquisa, os pontos críticos e as tendências emergentes para investigações futuras”, destaca o estudo publicado na revista Frontiers in Cardiovascular Medicine em outubro de 2023.
Os pesquisadores recuperaram 1.643 artigos e revisões relacionados a exercício e hipertensão da Web of Science Core Collection (WOSCC). Segundo a revisão bibliográfica, o Brasil realizou 420 estudos entre 2003 a 2023 que relacionam o exercício físico como tratamento para hipertensão.
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Brasil na vanguarda de pesquisa
Um dos centros de pesquisa brasileiros que contribuem para manter o Brasil na vanguarda de estudos sobre a doença é a Universidade Católica de Brasília (UCB). Ela é a quinta instituição no mundo que mais produz pesquisas sobre o assunto.
“A hipertensão arterial é uma das principais causas de mortalidade global, superando até mesmo o câncer. O fato de ela ser silenciosa tem despertado o interesse da comunidade científica, especialmente entre os pesquisadores na área do exercício”, aponta o professor Milton Rocha de Moraes, que se dedica ao campo da fisiologia do exercício e saúde cardiovascular na UCB.
Moraes acrescenta que um dos principais avanços da ciência nessa área é enxergar a musculação como peça importante para tratar a hipertensão, uma vez que a prática era considerada proibida para hipertensos no passado e as atividades aeróbicas eram vistas como a melhor opção.
“O treinamento de força proporciona o aumento do óxido nítrico, que dilata os vasos sanguíneos e contribui para a redução da pressão arterial. Estudos indicam que a musculação, incluindo o exercício isométrico, onde não há movimento, pode ser tão eficaz quanto o dinâmico na queda da pressão”, afirma o pesquisador.
Segundo o estudo chinês, o foco de estudos futuros deve ser em “treinamento de resistência”, “adultos”, “variabilidade da frequência cardíaca” e “hipertensão e crianças”.
A hipertensão
A hipertensão, mais conhecida como pressão alta, é uma doença crônica muito comum e prejudica a circulação sanguínea, fragilizando os vasos e impedindo a oxigenação correta de órgãos vitais, como o cérebro e o coração.
Em alguns casos, ela sequer apresenta sintomas, o que dificulta tanto o tratamento quanto o desenvolvimento de pesquisas em torno da doença.
Ao contrário do que muitos pensam, as crianças não estão imunes ao problema. No cenário brasileiro, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), estima-se que a prevalência de hipertensão na população pediátrica varie entre 3% a 15%.
Segundo o cardiologista Thomas Osterne, hemodinamicista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), a hipertensão arterial em crianças é associada à obesidade infantil, histórico familiar, inatividade física e uma dieta rica em sódio.
“Quando as causas secundárias são descartadas, como por exemplo o hipertireoidismo, o tratamento para crianças engloba mudança de hábitos alimentares, prática de exercícios associada a medicamentos, se necessário, e acompanhamento médico”, destaca Osterne.
(Metrópoles)