Correio de Carajás

Atendimento de transfusão de sangue cresce quase 40% no Pará

Aumento foi verificado entre 2019 e 2023 e representa um avanço positivo para a saúde da população, observa o Hemopa

Foto: Freepik

O atendimento de transfusão de sangue no Pará cresceu 38% nos últimos quatro anos – revelou uma pesquisa realizada pela Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa). O crescimento reflete a descentralização do serviço no Estado – o que beneficia principalmente pacientes de municípios fora da Região Metropolitana de Belém (RMB).

É o caso da dona de casa, Elcilene Azevedo, que faz tratamento contra câncer de colo de útero. Ela mora em Anajás, arquipélago do Marajó, e precisa realizar de uma a duas transfusões de sangue todos os meses. Ela faz parte de uma parcela da população da região que conta com o abastecimento de estoques do banco de sangue paraense para receber os componentes sanguíneos necessários e manter a saúde estável. A realidade mudou para ela com a agência transfusional instalada no hospital Municipal Teonila Alves, na cidade de Anajás.

“Meu tratamento de câncer é feito no hospital Ophir Loyola, em Belém, e tudo surgiu quando eu comecei a perder muito sangue e precisei receber transfusão. Fui operada, mas continuei perdendo sangue, sempre dependi do estoque para suprir o meu sangue que é O negativo. Com essa agência aqui melhora em 100% a minha vida, porque agora eu não preciso ir a Belém todo mês”, contou a paciente.

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A necessidade da transfusão pode ser atendida em vários casos, como problemas de sangramentos, em tratamentos de doenças do sangue, dentre elas a hemofilia e a anemia falciforme, assim como nos casos de pacientes oncológicos e pessoas que sofrem lesões graves em acidentes de trânsito.

Porém, um recorte da análise realizada pelo Hemopa revela ainda que as unidades transfusionais são um facilitador importante para o atendimento de pacientes do sexo feminino, especialmente mulheres que necessitam de tratamento materno, em decorrência de alto risco de sangramento em gestantes.

Descentralização

Diante desse cenário, o presidente do Hemopa, Paulo Bezerra, explica que a instituição desenvolve um projeto dentro da política de descentralização da cobertura transfusional, para destinar sangue seguro aos pacientes em todo o Estado.

“A presença das agências transfusionais nos municípios impactam diretamente na vida dos usuários e equipes de saúde, uma vez que o sangue chega até o paciente com rapidez e segurança. Nós precisamos descentralizar para regionalizar a assistência à população, superando distâncias e facilitando o tratamento daqueles que precisam de transfusão, o sangue salva vidas.”, destacou o presidente da Fundação.

O gestor acrescenta que, para isso, há treinamentos de profissionais, no preparo do sangue, no atendimento das demandas de alta complexidade chegando até a ponta levando conhecimento e tecnologia aos municípios.

De 2019 a 2023, as regiões que mais receberam Agências Transfusionais no Estado foram a Região Metropolitana de Belém, Marajó, Caetés, Baixo Amazonas, Tapajós e Sul do Pará, com a abertura de 15 agências transfusionais instaladas em hospitais municipais, estaduais e regionais, beneficiando o paciente em seu próprio município, evitando deslocamentos desnecessários.

Somente no ano de 2023 as novas Agências Transfusionais do Hemopa garantiram um aumento de 1.693 atendimentos de transfusões de sangue mensais no Estado do Pará A diretora do Hospital Municipal de São Félix do Xingu, Tanayny da Silva, comenta a melhora no serviço de saúde com a chegada da agência transfusional: “Nós necessitávamos de uma, em casos não só de emergência, mas também para os nossos pacientes cirúrgicos, especificamente em cirurgias eletivas. A agência agora abastece tanto o hospital municipal como o materno infantil, as UPAs e clínicas. É um salto em inovação principalmente para nós da área da saúde”, celebra.

(O Liberal)