Correio de Carajás

Assim como humanos, peixes têm medo uns dos outros

As evidências apontam para a senciência dos peixes e a possibilidade de uma vida emocional complexa.

Peixe-zebra. Imagem: AP

Você sabia que os peixes têm empatia? Assim como nós humanos e outros mamíferos, os peixes sabem identificar as emoções dos outros ao seu redor. Mas, um estudo, publicado na revista Science, mostrou que os peixes sentem o medo dos outros ao seu redor.

Esse sentimento funciona de forma bem parecida com a empatia humana e nos ajuda a constatar que a empatia pode ter evoluído bem antes do que os cientistas inicialmente acreditavam.

Mas, no mundo dos peixes, sentir a sensação de medo uns dos outros pode ter ajudado eles a sobreviveram aos perigos que os oceanos possuem.

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O fato dos peixes serem empáticos não é uma grande novidade para a ciência. Muitos tipos de vertebrados, como elefantes e golfinhos, também têm a capacidade de sentir a emoção do outro.

Além disso, os cientistas já sabiam que essa sensação de medo que os peixes sentem um do outro pode ter ajudado eles a sobreviver contra predadores quando vivem em grupo, causando um contágio emocional que deixava todos alerta e prontos para sobreviver.

No entanto, o que não se sabia até agora era a causa para esse sintoma de empatia que eles possuem. Sendo assim, os pesquisadores começaram analisar o estado emocional dos peixes-zebra.

Para isso, eles fizeram testes onde removeram genes relacionados à produção de oxitocina, um hormônio que regula o comportamento social e a empatia em mamíferos.

A partir disso a equipe pôde ver que os peixes que tiveram o gene removido, não reagiam à sensação de medo que outros peixes tinham. Eles só começaram a reagir quando o gene foi novamente adicionado em seu organismo.

Além disso, os pesquisadores também realizaram outros dois testes com o peixe. O primeiro foi mostrar vídeos com outros peixes demonstrando emoções de angústia e outros demonstrando calma. Nesse teste, os peixes com ocitocina se conectam emocionalmente de forma fácil com os vídeos que mostram os peixes angustiados.

Já o segundo teste foi realizado diretamente no cérebro desses peixes. Para isso, os pesquisadores o dissecaram para examiná-los no microscópio.

Dessa forma, eles acabaram descobrindo que as duas áreas mais relacionadas ao contágio emocional dos peixes que sentem o medo do outro são as mesmas regiões relacionadas à empatia dos cérebros de mamíferos.

Ainda é incerto se peixes experimentam o contágio emocional apenas com emoções negativas, como medo e angústia, ou se estendem a outras. Observou-se maior percepção de tais sentimentos entre os peixes.

(Metrópoles)