Correio de Carajás

Do universo masculino ao feminino sem curso de corte e costura

Autodidata, Dona Neta, como é carinhosamente chamada pelos clientes, foca seu trabalho em costurar do zero/ Fotos: Evangelista Rocha

A trajetória incrível desta costureira é como uma colcha de retalhos, cheia de cores e texturas que se entrelaçam ao longo dos anos. Tudo começou nos dias de infância, quando sua madrinha, uma verdadeira fada da costura, moldava botões com maestria para uma respeitada camisaria. Ela marcava entregas e, embora a pequena aprendiz não recebesse aulas formais, seu desejo de aprender pulsava forte.

Um dia, depois da escola, ao passar por uma loja de camisas, surgiu a oportunidade de ouro. Movida por sua curiosidade e vontade de aprender, a costureira decidiu pedir um trabalho. Logo, ela se viu pregando botões e, nos intervalos, estudava moldes, cortava tecidos e expandia seu repertório com determinação.

A história toma um rumo surpreendente quando a costureira se transforma na “maga da máquina”, dominando não apenas a arte de costurar camisas, mas também a confecção de calças. Trocou o emprego inicial por uma empreitada em casa, onde chegou a produzir impressionantes 12 camisas por dia. O universo da costura era sua paixão, e ela mergulhou de cabeça nesse reino de tecidos e linhas.

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Então, veio uma guinada inesperada. Convidada a trabalhar em um salão de costura, dedicou cinco anos de sua vida à profissão. Contudo, o destino sempre reserva surpresas. A costureira, audaciosa, decidiu aventurar-se na confecção de roupas femininas, sem nenhum curso formal. Foi uma autodidata brilhante, encantando clientes e acumulando elogios.

A costura não foi apenas um meio de subsistência para ela; foi a bússola nos momentos difíceis, especialmente quando se viu separada e mãe de cinco filhos. Sem correr atrás de direitos, mas de agulhas e linhas, ela sustentou e guiou sua família para a independência.

Hoje, mesmo após tantos anos, a costura transcende o papel de profissão. É parte da sua identidade, uma expressão de independência e um selo de autenticidade. Seu talento é aplaudido por todos que têm a sorte de usar suas criações únicas. Mesmo sem a aposentadoria formal, ela continua dedicada, costurando não apenas peças de roupa, mas também histórias de amor, conquistas e superação. Uma saga costurada com amor, resiliência e uma habilidade incomparável.

 (Thays Araujo)