Correio de Carajás

A artesã Raissa Leite tece sua arte com feltro e amor

Ao escolher feltro como meio de expressão, Raissa Leite tem a oportunidade de criar peças únicas e personalizadas/ Fotos: Evangelista Rocha

É em um pequeno ateliê no cômodo da casa de Raissa Leite, de 31 anos, que o artesanato com feltro se revela como uma forma encantadora de expressar criatividade e carinho. O trabalho manual com esse tipo específico de tecido denota mais do que simplesmente criar objetos; é um processo afetuoso que, assim como outros artesanatos, também envolve dedicação, paciência e uma conexão especial com o material.

Ao escolher feltro como meio de expressão, a marabaense tem a oportunidade de criar peças únicas e personalizadas. A suavidade e maleabilidade do feltro o tornam por si só um material acolhedor, ideal para a criação de objetos afetivos, o que está diretamente ligado à época natalina e às decorações de maternidade.

À reportagem, Raíssa conta que desde sua infância esteve imersa nesse universo, influenciada pela profissão de costureira de sua mãe. Esse contato precoce com trabalhos manuais despertou sua paixão pelo artesanato, um amor que só cresceu ao longo dos anos.

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“O ponto de virada aconteceu quando eu comecei a confeccionar pequenos presentes para amigas em chás de bebê. As pessoas gostaram do meu artesanato, o que resultou em um aumento significativo de encomendas. A princípio, era uma atividade paralela ao meu primeiro emprego, mas rapidamente se tornou uma segunda carreira”, relata.

O pequeno Jesus no colo de Maria encanta e mostra tamanha delicadeza no artesanato da marabaense

TRAJETÓRIA

Profissionalmente, Raíssa se dedica ao artesanato com feltro há seis anos, iniciando sua empreitada pouco antes da pandemia, em janeiro de 2020. Surpreendentemente, o período pandêmico não prejudicou suas vendas, pelo contrário, ela recebeu uma demanda crescente por enfeites, lembrancinhas e porta maternidade, consolidando seu espaço neste nicho e de festas temáticas.

“O processo de criação em feltro muitas vezes envolve tocar, moldar e costurar manualmente, contribuindo para a conexão emocional entre mim e a peça em construção”, pontua. Algo que fica muito claro ao visitar a casa da artesã. Já decorada no clima natalino, é na árvore de natal que encontramos um presépio inteiro de feltro, é claro, por ela.

A identificação pessoal e a sensação de que essa prática faz parte de Raíssa impossibilitaram da marabaense se imaginar fazendo qualquer outra coisa, mesmo sendo uma atividade extra.

VALOR

Vale ressaltar que o artesanato de feltro também proporciona uma visão singular e versátil no mundo da expressão criativa. É uma forma de arte que vai além do simples ato de criar objetos, incorporando uma interseção interessante entre tradição, inovação e sustentabilidade.

No contexto da tradição, o feltro é um material historicamente usado em diversas culturas, honrando sua rica trajetória ao longo de décadas. Ao mesmo tempo, é uma arena fértil para a inovação, permitindo a experimentação com formas, texturas e técnicas contemporâneas.

Além disso, o artesanato com feltro é uma prática que pode ser sustentável. O feltro, frequentemente produzido a partir de fibras naturais como lã, é biodegradável e amigo do meio ambiente. A reutilização de retalhos de feltro e a transformação de materiais descartados em novas obras de arte contribuem para a redução do desperdício.

Quando questionada sobre a valorização do seu trabalho em Marabá, Raíssa expressa: “Embora haja reconhecimento, ainda é necessário um maior entendimento sobre o artesanato como uma profissão legítima e não apenas um hobby. É importante reconhecer o caráter minucioso e detalhista do trabalho com feltro, a dedicação manual e a demanda por habilidades técnicas”, conta.

NICHO

A artesã também cita sobre a diversificação de seus produtos, incluindo enfeites temáticos para o Natal. Além disso, menciona o desafio de lidar com a visão mais comum do artesanato como um passatempo simples, destacando a necessidade de valorização de um nicho tão pequeno na região.

Ao abordar a pergunta sobre desistir, Raíssa reconhece que, como empreendedora, já passou pelo pensamento de desistência, mas sua paixão e identificação com o artesanato a mantiveram firme em sua trajetória.

“Entre os trabalhos que mais me marcaram, com certeza estão os enfeites de maternidade, porque envolve a conexão especial que essas peças têm com as mães ansiosas pelo nascimento de seus filhos. A personalização desses itens, conforme o tema escolhido pelas mães, torna cada trabalho único e significativo”, relata a artesã.

Por fim, Raíssa compartilhou sua visão sobre a importância de presentear com artesanato em um período tão emblemático, como Natal. Ela ressaltou que uma peça feita manualmente possui um significado maior, sendo única e personalizada consoante as preferências do destinatário, em contraste com produtos em larga escala encontrados em shoppings.

(Thays Araujo)