O comandante da lancha Dona Lourdes ll, que naufragou enquanto vinha do Marajó com rumo a Belém, foi citado formalmente nesta segunda-feira (11), como réu pelo assassinato de 24 vítimas e tentativa de homicídio de outras 62 pessoas.
A decisão foi acatada pela juíza da 2ª Vara, Sarah Castelo Branco, após manifestação do Ministério Público do Pará (MPPA) e dos advogados das vítimas.
O pedido dos familiares da vítimas foi que fizessem uma recontagem do número de mortos, pois a quantidade apontada pela Polícia Civil seria menor do que o número real de afogamentos.
Leia mais:Desde o mês de outubro, o MPPA considera que um bebê que estava na barriga da mãe durante o naufrágio também é uma vítima da tragédia.
Sendo assim, o número de vítimas fatais foi atualizado para 24. A criança teria nascido no barco, no momento do desespero da mãe e não sobreviveu.
A decisão judicial também definiu que o réu tem o prazo de dez dias para responder a acusação com um advogado, caso contrário, pela lei processual penal brasileira, será nomeado um Defensor Público.
Segundo Dorivaldo Belem, que defende Marcos de Souza Oliveira, o aditamento para aumento de pena “é totalmente equivocado e sem prova nos autos, pois enquanto o MP sustenta homicídios dolosos, a defesa entende que ele não teve intenção de matar ninguém, tendo ocorrido um acidente, por força da natureza”.
A defesa disse ainda que “fará a impugnação a essa acusação incoerente, de acordo com os recursos previstos na lei, até provar sua inocência”.
Naufrágio
No dia 8 de setembro, a lancha saiu de um porto clandestino em Cachoeira do Arari, no Marajó com destino a Belém. O veículo afundou perto da Ilha de Cotijuba.
Entre os relatos dos sobreviventes está o fato de que o condutor da embarcação teria demorado a chamar socorro quando o barco começou a afundar, além de não orientar os ocupantes do barco e não distribuir os coletes salva-vidas.
Sobreviventes apontaram que os salva-vidas não teriam condições de uso — muitos se rasgavam. Alguns pescadores que ajudaram no resgate encontraram pessoas já sem vida com colete.
Marcos Oliveira, comandante da lancha, foi preso no dia 13 de setembro, após passar cinco dias na condição de foragido, uma vez que o mandado de prisão contra ele foi expedido um dia após o naufrágio, dia 9 de setembro. A prisão foi por homicídio doloso, com agravantes de outros crimes, como omissão de socorro.
A Justiça do Pará concedeu habeas corpus a Marcos Oliveira em dezembro de 2022 durante sessão da Seção de Direito Penal do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), conduzida pela desembargadora Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos. O alvará de soltura foi assinado pelo desembargador José Roberto Pinheiro Maia Bezerra Júnior.
(Fonte:G1)