Um estudo divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que a média de mortes violentas intencionais nos nove estados que compõem a Amazônia Legal é 45% superior à média nacional. Os dados, referentes ao ano de 2022, indicam que a região enfrenta um cenário crítico de violência que se alastra pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, totalizando 772 municípios.
De acordo com o estudo “Cartografias da Violência na Amazônia“, realizado pelo FBSP, a taxa de mortes na Amazônia Legal em 2022 foi de 33,8 por 100 mil habitantes, enquanto o país registrou uma média de 23,3 no mesmo período. Em 2021, a taxa na região era de 34,4. A análise abrange quatro tipos de crimes: homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.
Todos os estados da Amazônia Legal apresentam taxas acima da média nacional, sendo o Amapá o mais afetado, com uma taxa de 50,6 mortes por 100 mil habitantes, enquanto o Acre possui a menor taxa, registrando 28,6.
Leia mais:Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que o modelo de desenvolvimento da região e as mudanças na dinâmica do crime organizado podem explicar o aumento da violência na Amazônia Legal em comparação com o restante do país. Além das disputas ambientais, crimes urbanos também contribuem significativamente para a elevada taxa de mortalidade.
Dois municípios lideram o ranking
Entre os municípios da Amazônia Legal, 15 apresentam taxas de mortes superiores a 80 por 100 mil habitantes, concentrando-se especialmente nos estados do Pará (8) e Mato Grosso (5). Cumaru do Norte (128,5) e Floresta do Araguaia (126,6), ambos no Pará, são considerados os mais violentos.
Com 17,8 mil habitantes, Floresta do Araguaia apresenta uma taxa de 128,6 homicídios a cada cem mil residentes. Localizado na fronteira do Pará com o estado do Tocantins, o município tem uma economia predominantemente voltada para a pecuária, agricultura e mineração. Na região, há uma terra indígena e assentamentos rurais que registram pelo menos treze conflitos fundiários e agrários, com procedimentos extrajudiciais em tramitação em 2020, como apontado pelo FBSP.
Para Lima, o município de Floresta do Araguaia reflete as dinâmicas reproduzidas em toda a região, considerando o Pará e Mato Grosso como rotas do crime organizado, seja para tráfico de drogas, com entrada no Centro-Oeste e saída no Norte, ou para crimes relacionados ao meio ambiente, como garimpo e extração de madeira.