O mês de novembro, em Marabá, levou ao pé da letra a data de finados. Sangue, dor e luto é a tríplice que resume bem estes 30 dias que tiveram, ao todo, 19 assassinatos na cidade. Um número que, desde abril de 2022, não era alcançado e que tem assolado a população ao mesmo tempo, em que tem exigido dos órgãos de segurança, maior vigilância e adaptação contínuas nas estratégias de combate à criminalidade.
Comparando com novembro do ano passado, em que 12 homicídios foram registrados, com a quantidade do ano presente, o índice apresenta um crescimento chocante de mais de 58%. Além disso, somente abril de 2022 chegou a tal número.
2022
Leia mais:Fazendo uma retrospectiva com dados fornecidos pela Polícia Civil, o ano de 2022 começou com nove homicídios em janeiro, seguido por uma queda em fevereiro para três casos. No entanto, março viu um aumento significativo, registrando 11 homicídios, e essa tendência ascendente continuou nos meses subsequentes.
O ápice foi atingido em abril, com 19 assassinatos registrados. Os números oscilaram nos meses seguintes, encerrando o ano com 7 casos em dezembro. O total acumulado ao longo de 2022 foi de 116 homicídios.
Ano atual
O início de 2023 apresentou um cenário semelhante ao ano anterior, com janeiro registrando nove homicídios. Fevereiro e março mantiveram-se estáveis, com sete casos cada. Abril viu um pequeno aumento para oito casos, mas maio, junho e julho apresentaram uma diminuição consistente.
Agosto trouxe um novo aumento, alcançando 11 homicídios, e setembro manteve-se elevado com 12 casos. Outubro registrou uma queda para seis casos, mas o mês de novembro já contabiliza 19 homicídios. O total acumulado até agora em 2023 é de 111 homicídios e a pergunta que fica é: será que o número final ultrapassará o do ano anterior?
Estratégias e desafios
Diante desse panorama, buscamos a perspectiva do delegado Vinícius Cardoso, superintendente de Polícia Civil do sul e sudeste do Pará. Ele destaca que os números apresentados englobam homicídios e atos infracionais análogos a homicídios, excluindo casos de prisão em flagrante. O delegado reconhece a elevação nos números de novembro de 2023, mas enfatiza a estratégia em curso.
A “Operação Paz,” em andamento desde novembro até dezembro, pretende capturar homicidas foragidos e elucidar crimes de homicídio. Com o reforço de policiais da Divisão de Homicídios, de Belém, as autoridades estão empenhadas em reverter a tendência de aumento dos assassinatos.
Cardoso destaca a integração das operações com a repressão ao tráfico de drogas, reconhecendo que a maioria das vítimas de homicídios na região tem conexões com associações criminosas ou o tráfico de drogas. A abordagem é holística, visando não apenas resolver casos isolados, mas também combater as causas subjacentes.
Conclusão
A análise comparativa revela uma oscilação nos índices de homicídios, com desafios persistentes. A estratégia do delegado Vinícius Cardoso, apesar dos desafios apresentados em novembro, destaca-se pela abordagem integrada e proativa. A redução de 24 casos em relação ao período homólogo é um sinal positivo, indicando que as estratégias implementadas podem estar começando a surtir efeito.
O delegado recebe uma pontuação positiva pela implementação de estratégias como a “Operação Paz” e pela abordagem integrada que visa abordar as causas subjacentes dos homicídios. No entanto, a recente elevação nos números de novembro destaca a complexidade contínua da situação, exigindo vigilância e adaptação contínuas nas estratégias de combate à criminalidade. O desafio está em manter a trajetória positiva e assegurar que as operações em curso tenham impacto duradouro na redução dos homicídios na região. (Thays Araujo)