Correio de Carajás

Marabá desafia ICMBio e pede criação de duas áreas de proteção ambiental na região

André e Mauro Pires (ICMBio) com Vanda Américo e Pablo Santos durante o congresso em Parauapebas - Foto: Ana Mangas

Durante os dias 8, 9 e 10 de novembro, o município de Parauapebas é palco do Congresso de Gestão do Conhecimento e da Sociobiodiversidade das Áreas Protegidas de Carajás (CGBio). Realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conversação da Biodiversidade (ICMBio), o evento é uma grande oportunidade para pensar em como gerenciar o conhecimento científico, tradicional e popular a favor da conservação da sociobiodiversidade, aliando políticas públicas que garantam um futuro saudável para esta e para as próximas gerações.

E foi com base nessa perspectiva que durante a Conferência Magna, com o tema “Do local para o global: o papel da Amazônia como vetor de sustentabilidade”, que a presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Vanda Américo, conclamou a criação de duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) – Paleocanal do Rio Tocantins e outra do Bico do Papagaio – que ocorrem ao longo do leito do Rio Tocantins, desde a cidade de Itupiranga até a região de Buriti do Tocantins (TO).

Com a presença do presidente do ICMBio, Mauro Pires, e do chefe do Núcleo de Gestão Integrada de Carajás, André Macedo, Vanda Américo fez o uso da palavra e ressaltou a importância da fauna e da flora da região.

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“Entendemos que é chegada a hora dessa criação ou não haverá mais essa oportunidade por conta da forma galopante que estamos vendo o desmatamento e as grandes queimadas. Estamos deixando aqui em suas mãos presidente esse ofício, assinado pelo reitor da Unifesspa, Francisco Ribeiro, que não pode estar aqui por compromissos em Brasília. Durante esses três dias estaremos nos estandes, da Fundação e da Unifesspa, colhendo assinaturas para que vocês possam participar conosco da criação dessas APAs”, reiterou a presidente da FCCM, enfatizando a parceria da Universidade no projeto e na pesquisa.

Vanda relembrou ainda que há mais de meio século já se fala na criação dessas unidades de conservação que possuem uma diversidade imensa de lagos, mas que atualmente só possui 305, pois os outros 700 já estão mortos. “É uma necessidade de preservação urgente”, conclamou.

André Macedo, do NGI ICMBio Carajás, agradeceu a Vanda Américo e disse que é suspeito para falar dessas áreas porque também é marabaense e sabe da importância dessa região. “São áreas belíssimas e que merecem ser protegidas. Além da importância ambiental e ecológica, tem uma relevância cultural e histórica muito grande por conta dos sítios arqueológicos e essa é uma demanda que precisamos receber com muito carinho”.

Para o geólogo da FCCM, Pablo José Leite Santos, esse momento foi um marco histórico para a região, já que Vanda Américo utilizou um evento dessa magnitude para pedir ao presidente do ICMBio essa criação.

“Essa é uma forma de preservar o que já está em franca degradação, além de trazer o ICMBio para dentro de Marabá e que não fiquem só em Carajás. Que eles possam começar a atuar e ajudar na conservação do meio ambiente e na agricultura de base familiar com as populações que vivem no entorno. A criação das APAs é para fomentar uma unidade de uso sustentável porque já existe muita gente ocupando essas áreas. Não é retirá-las, é gerir o território com essas pessoas dentro”, explica o geólogo. (Ana Mangas)