Estar posicionado praticamente no ‘caminho’ de tempestades que surgem na região norte faz com que o Tocantins seja um dos estados com maior registro de descargas elétricas do país. Entre os meses de setembro e outubro, a incidência de raios deu um salto de mais de 304 mil para mais de 846 mil descargas. Ou seja, aproximadamente 541 mil raios a mais.
Os dados são do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe). O mês com maior número de raios registrados é fevereiro, com 2.782.372. De janeiro até o dia 26 de outubro, teve 10.859.352 descargas.
O ano ainda não chegou ao fim e o número já superou a quantidade de raios que caíram no estado em 2022, de 8.217.632.
Leia mais:Segundo o coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Junior, a grande quantidade de raios registrados no Tocantins é resultado da posição geográfica que o estado tem, além da umidade.
“Boa parte das tempestades do Brasil surge na região amazônica, passa pelo oeste e chegar ao sudeste. Muito dessa umidade passa por cima da região. E isso realmente faz com que o Tocantins tenha um número de raios muito grande”, destacou o especialista, afirmando que o calor também contribui com a situação.
Dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica mostram que os meses com menor incidência de descargas são junho e julho. Segundo o coordenador, isso é normal em todo o país, pela menor quantidade de chuvas.
Descargas atmosféricas em 2023 no Tocantins
Mês | Quantidade |
Janeiro | 2.557.352 |
Fevereiro | 2.782.372 |
Março | 2.017.919 |
Abril | 1.871.168 |
Maio | 116.480 |
Junho | 1.050 |
Julho | 141 |
Agosto | 361.623 |
Setembro | 304.660 |
Outubro | 846.587 (até o dia 26) |
Raios por metro quadrado
Quando o assunto diz respeito às descargas por metro quadrado, o Tocantins aparece no topo do ranking. De acordo com levantamento realizado pelo Elat/Inpe em 2021, a densidade de raios registrados por quilômetro quadrado por ano é de 17,1. Em seguida aparecem os estados do Amazonas e Acre (15,8), Maranhão (13,3) e Pará (12,4), nas primeiras colocações.
Essa medição, segundo o coordenador do Elat/Inpe, leva em consideração as áreas dos estados para se ter uma comparação mais justa.
“É o número de raios por quilômetro quadrado. Você pode comparar estado grande com estado pequeno, porque está dividido pela área. O estado de Alagoas que é bem pequeno, com o Amazonas não dá para comparar. Claro que estado maior vai ter mais raios. Se divide o número de raios pela área do estado. Aí ficam assim, equiparados”, explicou Osmar.
Levando em consideração levantamento de descargas atmosféricas de 2018 a setembro de 2023, o Tocantins ocupa a 10ª posição com uma densidade de 126 raios por km² distribuídos em uma área de 277.424 km².
Conforme o coordenador do Elat/Inpe, a previsão de realização do próximo levantamento será o início do próximo ano, para fazer o balanço das descargas que atingiram o país em 2023. Mas que os dados de 2021 ainda são válidos para este ano, já que a os números não têm grandes variações.
Até o fim do ano, Osmar acredita que a quantidade de raios deve ser igualmente elevada. “A expectativa é que novembro tenha incidência muito alta. Em dezembro deve declinar um pouco, mas ainda vai ser alta. Mas novembro não deve ser abaixo de outubro. Em outubro a gente chegou à faixa de 800 mil até agora e pode chegar em torno de um milhão. Em novembro vamos ter a faixa de um milhão”, afirmou o especialista.
Cuidados
No último dia 25 de outubro, uma descarga elétrica causou um princípio de incêndio na Subestação Taquaralto, que atende a região sul de Palmas. O incidente deixou mais de 6,9 mil casas no escuro por cerca de duas horas.
Para evitar acidentes relacionados a descargas elétricas dentro ou fora de casa, principalmente agora com o início do período chuvoso, a Energisa, concessionária responsável pela distribuição de energia no estado, tem as seguintes orientações durante temporais:
- Retire os aparelhos eletroeletrônicos das tomadas;
- Nunca utilize aparelho conectado à tomada durante temporais;
- Os cabos telefônicos, cabos de TV por assinatura e fiação de antenas são capazes de conduzir a corrente elétrica dos raios até os aparelhos. Por isso, é aconselhável retirar os aparelhos eletrônicos (normalmente mais sensíveis) das conexões com rede de telefonia, TV a cabo e antena externa;
- Sempre que puder, aterre a rede elétrica da residência ou comércio;
- Não utilize chuveiro (secador, chapinha etc);
- Quando ouvir os trovões, nunca fique em campo aberto. Procure abrigo imediatamente em construções e feche os vidros e janelas;
- Se não for possível se abrigar, agache-se, com as mãos na nuca e pés juntos;
- Não fique embaixo de árvores ou próximo a torres;
- Se estiver dentro de um carro, feche as janelas e aguarde a tempestade passar para poder sair. O carro oferece uma boa proteção contra raios;
- E não toque em fios caídos ou em objetos que estejam em contato com a rede elétrica, eles podem estar energizados.
Seja qual for a situação, a população não deve se aproximar da rede elétrica, mas sim entrar em contato a Energisa por meio do 0800 721-3330, do aplicativo Energisa On ou do site www.energisa.com.br.
(Fonte:G1)