A marca do nível do Rio Negro voltou a subir. A elevação das águas começou a marcar um valor positivo neste último sábado (28/10), com um aumento de 5 cm. No domingo (29/10), mais 5 cm foram contabilizados na média do nível do rio e após um mês de estiagem marcado pelas medições abaixo da média, o maior rio de águas pretas do mundo acumulou, no total, um aumento de 17 cm e alcançou 12,87 metros.
A menor média registrada foi de 12,70 metros, o nível mais baixo da história. A seca extrema deste ano foi considerada a mais severa desde o início das medições, em 1902. Desde julho deste ano, o Rio Negro obteve medidas negativas por 118 dias, de acordo com a medição realizada pelo Porto de Manaus.
Seca amazônica
Apesar de ter ocorrido em condições extremas e que chegaram a níveis recordes em 2023, a seca na Amazônia é um processo natural, mas agravado por fatores externos. “Agosto, setembro e outubro são meses tradicionalmente secos. Isso é explicado pelo chamado ‘verão amazônico’, uma época do ano bastante peculiar na Região Norte do Brasil, principalmente na área onde está localizada a Floresta Amazônica”, afirma o geógrafo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, William Passos.
O estudioso complementa que o fenômeno se agrava devido a alguns fatores. “O ‘verão amazônico’ vem sendo acompanhado pela combinação entre temperaturas anormalmente altas das águas do Atlântico norte e a ocorrência do fenômeno El Niño. Com isso, a estiagem se estabeleceu muito mais rapidamente e a seca está muito mais grave que o normal”, analisa William.
(Correio Braziliense)