Vencedor do Prêmio Sesc 2023, o livro do marabaense Airton Sousa, “Outono de carne estranha” traz à tona uma surpreendente história de amor entre Zuza e Manel, dois garimpeiros de Serra Pelada.
O romance aborda diversos temas importantes, como racismo, homofobia, machismo e ditadura militar. Em um espaço de obsessão pelo ouro, violência e truculência dos que comandavam o garimpo à época, os personagens tentam viver o amor em um cenário onde não existia fronteira entre o sagrado e o profano, entre a morte e o erotismo.
“Estava desacreditado, até por conta da temática que o livro aborda e que traz, de pano de fundo, a ditadura militar na nossa região, que teve uma intervenção muito forte do governo”, explica.
Leia mais:A obra, que concorreu com mais de 700 livros de todo o Brasil, foi a vencedora na categoria romance e será lançada oficialmente no próximo dia 25 de novembro, durante a Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro, para onde Airton viajará com tudo pago pelo Sesc.
Em 175 páginas, o livro de Airton Sousa traz uma linguagem forte e real, adentrando um pouco no pedaço da história brasileira, mais especificamente do sudeste paraense.
Questionado pelo CORREIO sobre a decisão de escolha da história e dos personagens, o escritor relembra que seu pai veio do Piauí para trabalhar no garimpo de Serra Pelada. “Mas, não sei como se deu esse processo de trazer esse romance, nessa pegada mais amorosa. Na minha cabeça tinha um processo de denúncia e violência. Não sei em que momento defini os personagens”, afirma, relatando que o processo de produção da obra durou aproximadamente dois anos.
A orelha do livro é assinada pelos críticos Joca Reiners Terron e Suzana Vargas com um texto profundo ao fazer análise do conteúdo: “Escrito com prosa caracterizada por forte lirismo, ruminações filosóficas e cenas inesquecíveis, Outono de carne estranha é romance marcado pelo erotismo e pelo clima quente do norte do país.
A ficção de Airton Souza, passada nos anos 1980 e com forte teor documental, enternece ao humanizar personagens soterrados pela atividade que exercem, pela ambição insensível, pela violência a que se submetem diariamente em todos os terrenos de um cotidiano brutal e quase irrespirável.
E justamente nesse barro tão árido floresce um amor que encarna a peleja de existir em meio a um grupo moralmente doente, seja pela ambição ou pelo fanatismo” – Joca Reiners Terron e Suzana Vargas.
PRÉ-VENDA
O livro está sendo comercializado em várias livrarias e no site da Amazon, com previsão de entrega para o início de novembro.
Após o lançamento do livro na FLIP, Airton Souza vai percorrer o Brasil com o SESC para divulgar a obra. (Ana Mangas)