O açaí é uma espécie de embaixador da economia extrativista vegetal do Pará. O fruto projeta o Pará dentro e fora do Brasil, e coloca o estado numa rota de visibilidade internacional no comércio exterior. Mas, há gargalos a serem superados, como a verticalização para a produção de um mix de produtos além da polpa.
Presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Alex Dias Carvalho observa que a exportação do açaí contribui diretamente para o fortalecimento da indústria da fruticultura paraense e para diversificar itens na pauta de exportações. Um fator extremamente positivo.
“Essa diversificação reduz a dependência do Estado de um único grupo de compradores, permite a oferta de outros produtos com maior valor agregado, e contribui para movimentar a economia local”, assinala Alex Carvalho.
Leia mais:À unanimidade, empreendedores e representantes de entidades de classe, como o Sindfrutas, Dieese e o Centro Internacional de Negócio (CIN/Fiepa) afirmam que o fruto vem consolidando a geração de empregos e divisas ao Pará.
“O consumo do açaí segue crescente tanto no Brasil quando fora do Brasil”, afirmou o presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Pará, Reinaldo Mesquita.
Ele comentou que a produção do açaí melhora as comunidades no interior. “A economia dos interiores do estado ainda é pobre mas na época do açaí essa economia dos municípios cresce 100%, e é preciso contratar mais pessoas para seus comércios”.
Coordenadora do Centro Internacional de Negócio (CIN/Fiepa), Cassandra Lobato disse que em 10 anos, de 2012 a 2021, o açaí teve o expressivo crescimento de mais de 16 mil% na pauta do comércio exterior. “É é um dos produtos mais representativos da cultura alimentar e gastronômica paraense”, afirmou ela.
“Em 2012, o Pará exportou US$ 131.144, equivalentes a 39 toneladas de produtos de açaí (preparados/conservados de outro modo; frutas não cozidas; purê de açaí). Dez ano depois, em 2021, o valor já era de US$ 21.528.293, com 7.381 toneladas”, exemplificou Cassandra.
Verticalização agrega valor
Pesquisador e supervisor técnico do Dieese Pará, Everson Costa enfatizou uma série de outros produtos que podem ser obtidos a partir do açaí in natura, no entanto, isso requer a verticalização da produção industrial.
“É preciso potencializar o açaí dentro do Pará, que já é um fruto que a gente utiliza no nosso consumidor diário, mas para outras aplicações que o fruto nos permite, para que isso possa gerar divisas ainda maiores, e melhor empregabilidade e renda para os trabalhadores”, disse ele
Mais de 90% do açaí produzido no Brasil sai do Pará, mas essa produção não tem agregação de valor. “O Pará é o maior produtor in natura do fruto, mas outros estados brasileiros (Ceará, é um exemplo) compram a produção paraense e industrializam, agregam valor ao produto e ganham novas fronteiras”, informou o supervisor do Dieese.
Everson defende a superação da oferta somente do açaí líquido e pasteurizado. “O açaí que tem uma diversidade de aplicações, desde linhas de cosméticos a tintas e vitaminas, em uma série de outros produtos”.
Entre 2021 e 2022 crescimento do valor exportado é 15%
No consolidado de janeiro a dezembro de 2022, informou Cassandra Lobato, o Pará exportou US$ 26.513.458 (8.158 toneladas) de produtos do açaí, entre os quais frutas preparadas/conservadas de outro modo; frutas não cozidas; farinhas, sêmolas e pós e purê de açaí.
“No comparativo entre os anos de 2021 e 2022 o crescimento é de 15,9% no valor exportado. Em valor exportado, o Pará está em segundo lugar no ranking nacional, ficando atrás do estado de São Paulo (US$ 29.760.465), por questões de contratos comerciais, condições logísticas e acesso a insumos”, complementou a coordenadora do CIN.
Principais mercados consumidores do açaí in natura
Estados Unidos lidera a compra (80%) do açaí exportado pelo Pará (US% 20.967.573).
Austrália é o segundo no ranking (com 5,82%)
Japão vem em terceiro (2,25%).
Indonésia registrou um crescimento de mais 8 mil% nas exportações, entre entre 2021 e 2022, e Hong Kong mais de 6 mil%.
(O Liberal)