Correio de Carajás

Movimento pede socorro frente à precariedade de escola em Brejo Grande

Diante do drama vivido por alunos e educadores, uma audiência pública está agendada para discutir o assunto com autoridades no dia 30 de outubro

Condições da Escola Lício Solheiro são degradantes e movimento articulou audiência pública para discutir o assunto

Uma denúncia sobre as condições estruturais da Escola Estadual Prof. Lício Solheiro, em Brejo Grande do Araguaia, foi reportada ao CORREIO nesta segunda-feira (16). Nas inúmeras imagens, vídeos e documentos enviados por membros do movimento em defesa da unidade de educação, é surpreendente a situação precária em que docentes e discentes são expostos diariamente há, pelo menos, uma década.

Ministrando uma disciplina no município, o professor de história da Universidade Estadual do Pará (UEPA), Leopoldo Nogueira, fez imagens do colégio. “Estou extremamente indignado com a condição da escola”, diz. Em um dos vídeos, ele avalia que o local não possui condições físicas de uso. Ele também levanta que há uma questão de saúde pública, já que também há ratos e morcegos dentro das salas de aula.

O que era para ser um laboratório, acabou se tornando um depósito de cadeiras e mesas quebradas, além de lixo amontoado

Para ele, a escola precisa ser, imediatamente, interditada, se não for reformada.

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Nas imagens feitas pela câmera de celular, é chocante o estado em que se encontra o suposto laboratório de química. Cadeiras quebradas e amontoadas junto a papéis, livros e cadernos em cima das mesas. O teto não possui forro e é possível ouvir barulhos de morcego ao fundo da gravação. Fios pendurados também fazem parte do cenário de precariedade.

Segundo o educador, a sala não era aberta há anos, mas devido às circunstâncias foi exigido que a porta fosse destrancada para que a realidade fosse escancarada publicamente.

Outro ponto marcante mostrado por Leopoldo são as bases de sustentação da instalação. Nas imagens, é possível ver que a madeira está completamente desgastada e demonstra perigo para os que frequentam a escola. No teto, outros pilares também estão apodrecidos.

As paredes carecem de reforma e é possível ver rachaduras e desgastes nas bases da infraestrutura

“Essa área livre era para ser a quadra utilizada nas aulas de educação física, mas os meninos não conseguem nem habitar”, diz o professor ao mostrar um espaço tomado por entulho e mato. Também não há cobertura.

E por falar em teto, Leopoldo faz uma rápida gravação do telhado com diversas telhas quebradas e outras inexistentes. Ele cita que, segundo os docentes do local, não há, se quer, previsão para que isso seja consertado.

A escola estadual, criada em 1978, nunca teria passado por uma reforma. Dentro das salas, as carteiras, de madeira, são mostradas e surpreendem com o estado. É possível ver que não há ventiladores e as paredes carecem de reforma e nova pintura, além de um quadro melhor para os estudantes e professores.

Muitas salas inutilizadas são feitas de depósitos, acumulando materiais e aumentando a possibilidade de bichos que oferecem riscos para os frequentadores do local. Nos vídeos são mostrados computadores com teias de aranha: “inaceitável”, diz.

O banheiro da sala dos professores também serve de depósito

LINHA DE ACONTECIMENTOS

O Movimento em Defesa da Escola Estadual Prof. Lício Solheiro começou em agosto deste ano, após conversas com a direção da escola. Segundo o grupo, foi recebido amplo apoio nas redes sociais, incluindo instituições, moradores, estudantes, professores, advogados, parlamentares e movimentos sociais.

Ao longo do mês de setembro, o movimento foi ganhando mais visibilidade e força, sendo protocolado no Ministério Público no dia 13 de setembro, alegando infraestrutura precária e condições insalubres e solicitando intervenção “urgente”. Além disso, as circunstâncias foram amplamente expostas nas mídias. Um ofício foi enviado à Assembleia Legislativa do Estado do Pará no dia 17. No dia 21, a construção de uma nova escola foi discutida em sessão na Câmara Municipal de Brejo Grande e, em 28, o Movimento esteve representado na DRE em Marabá, onde participou de uma reunião com o gestor Magno Barros.

O secretário adjunto da Secretaria de Educação do Estado, Arnaldo Dopazo, visitou a unidade de educação para intervir na situação e afirmou que há planos de que, até novembro, o processo para iniciar uma reforma estrutural seja finalizado para acontecer no ano que vem.

No dia 11 de outubro, a Câmara de Vereadores aprovou oficialmente a realização da audiência pública em defesa da Escola Estadual Lício Solheiro. Agora, o movimento aguarda pela audiência marcada para o dia 30 de outubro, às 19 horas.

Em um informativo publicado pelo movimento, no dia 12, é afirmado que o evento permitirá um diálogo construtivo entre a comunidade, incluindo pais e alunos, e as autoridades públicas, visando abordar a situação crítica da escola e buscar soluções concretas para sua infraestrutura.

“Nossa intenção é promover a transparência nas ações do governo, evitando mal-entendidos e fomentando a colaboração efetiva. Durante a audiência, apresentaremos pedidos formais por escrito à Secretaria de Educação (SEDUC), Prefeitura e Câmara Municipal de Brejo Grande, bem como ao Ministério Público, visando obter documentos relativos à construção da nova Escola Lício Solheiro”, cita.

Procurado pela Reportagem, Magno Barros, da DRE de Marabá, informou em nota o seguinte: “A Seduc já vem monitorando esta escola há algum tempo. Só neste semestre duas equipes de engenheiros fizeram visitas técnicas com o objetivo de levantar informações sobre o tipo de reforma que ela vai receber. Na próxima semana, dois diretores da Seduc/sede voltarão à escola. O objetivo é incluir esta unidade de ensino na lista de prioridades nas obras do governo do Estado.

(Thays Araujo)