Uma bandeira do Pará, um skate estilizado e um terço na mão. É assim que o corpo de Nelson Jean Júnior, de 51 anos, está dentro do caixão, em seu velório, que ocorre dentro da sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-Pará).
A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS foi ao local e conversou com a mãe dele, dona Ofélia Pires, colegas de trabalho, professores, skatistas, grafiteiros e remadores, mundos nos quais ele transitava e fez bastante amigos em Marabá. O enterro, segundo a família, deve acontecer por volta de 16 horas, no Cemitério Parque das Flores, na Rodovia Transamazônica, Km 5, sentido Itupiranga.
A mãe confirmou que o filho chegou a acompanhá-la na procissão do Círio, neste domingo, mas quando ela não conseguiu chegar ao final. Ele, então, foi para a pista de skate da rotatória da Folha 16, onde encontrou com amigos e passou o resto da manhã praticando a modalidade que era sua mais antiga paixão. “Meu filho era muito dedicado ao trabalho. Era danado quando era criança, é verdade, mas responsável no trabalho”, contou ela, com lágrima nos olhos.
Leia mais:Marcelo do Carmo, o Paulista, que convivia com Nelson Júnior há mais de 20 anos, principalmente no mundo do skate, relembra que ele era um esportista diferenciado, responsável pela implantação da primeira pista de skate em Marabá, na configuração anterior da Praça São Francisco. “Aquele lugar ficou apelidado carinhosamente por todos como ‘Buraco do Cão’, em homenagem a ele, que era o único que fazia manobras radicais ali”, relembra o amigo.
Paulista também compartilhou com a reportagem outras histórias que faziam de “Cão” uma lenda no skate de Marabá. Inclusive, ele estava ao lado do amigo quando ele pisou pela última vez numa pista para praticar a modalidade, na manhã de domingo. “Brincou, deu show e saiu antes da gente porque iria para o almoço do Círio na casa da mãe dele”, contou.
Foi na casa da mãe que ele passou mal e acabou morrendo de infarto, antes mesmo do almoço.
Por sua vez, Romário Adriano Lima, grafiteiro, disse que tinha agendado com Nelson Júnior para ambos remarem stand up paddle na tarde de domingo, mas não houve tempo. “Um cara dessa idade, fazer o que ele fazia no skate e no stand up, não é pra qualquer um, mano. É que chegou a hora dele mesmo”, disse Romário.
Uma filha de Nelson Júnior chegou a Marabá na manhã desta segunda-feira, 16, vinda do Nordeste, onde acabara de concluir graduação em Psicologia. Ele estava com passagens compradas para visitá-la no final do ano.
Nelson era graduado em Ciências Sociais, atuava como professor da rede estadual de ensino e trabalhava, à noite, em três escolas diferentes, em dias alternados. (Ulisses Pompeu)