Para um católico, a devoção à Nossa Senhora é, sem dúvida, uma das mais valiosas. Cristiana Testa de Oliveira conversou com o CORREIO sobre o amor e fé que tiveram início na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Velha Marabá. Lá, aos 19 anos, ela conheceu a novena e, desde então, pratica e dissemina sua devoção.
Natural de Terra Roxa, no Paraná, Cristiana Testa de Oliveira, empresária do ramo de presentes personalizados, chegou à Marabá com apenas 11 meses de vida, em fevereiro de 1976. Marabaense de coração, ela relembra como foram seus primeiros contatos com Nossa Senhora.
“Tive uma bênção e prometi que se eu recebesse o milagre, iria levar ainda mais adiante essa devoção”.
Leia mais:De tantas graças alcançadas, relembra que em 2019 ela e a família estavam passando por uma situação muito complicada financeiramente. Desempregados, ela, o marido e a filha não tinham nenhuma perspectiva. Foi então, que no período do Círio daquele ano, ela entrou na Catedral com uma camisa.
“Escrevi em formato de Nossa Senhora a frase: ‘Acaso não sabeis que sou da imaculada’. Na igreja falei ‘minha mãe, me conduza para algo que eu preciso fazer. Mas, quero algo que toda a minha família seja envolvida, para não ficar a carga só para um. Que todos sejam envolvidos’. E, de repente, um casal perguntou quem havia feito aquela camisa e eu respondi que tinha sido eu, e ele disse que queria encomendar duas. Me ajoelhei. E, naquela homilia, o padre falou para a gente jogar as redes em águas mais profundas, que às vezes o que procuramos está tão perto e a gente não se dá conta. Na hora pensei: ‘é comigo que ela está falando”, se emociona Cris.
Sem dinheiro e cheia de dívidas, ela comprou suas primeiras máquinas. Uma loja de Marabá vendeu e disse que ela poderia ir pagando aos poucos. E assim Cris fez.
Seu primeiro produto foi uma garrafa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. “Consagrei a minha empresa à Nossa Senhora. E, desde então, não me vejo fazendo outra coisa na vida. Ela me deu meu trabalho, a minha oportunidade e tudo o que a minha família precisa”.
Para comerciante, o Círio não é apenas uma celebração católica, é uma manifestação de fé. Presente há mais de 30 anos na romaria, ela relembra que antigamente não havia muitos participantes na transladação.
“Com o passar do tempo, a minha devoção foi aumentando e fui entendendo mais. Entendendo o significado da corda, o translado. Tudo tem um significado, a corda, por exemplo, é algo que nos conduz. Você não sabe para onde está indo. Assim é o Espírito Santo, você simplesmente é conduzido para algum lugar”, disse, ressaltando que o Círio é um momento de renovação.
Com duas imagens de Nossa Senhora de Nazaré, Cristiana se emociona e fala que uma é de 2019, quando ganhou de presente de uma pessoa chamada Nazaré. E a outra, a maior, foi um presente da filha diretamente do Círio de Belém. As duas imagens têm um lugar especial dentro de casa.
“Maria é o colo não só de nossas necessidades materiais, mas é o colo da nossa necessidade maternal. É nesse colo que, ao me debruçar, sinto que tudo vai ficar bem. Tudo entrego nas mãos dela, porque sei que ela não desampara aqueles que pedem sua assistência”.
Emocionada ao falar de Maria e do Círio de Nazaré, Cris reforça toda sua admiração e amor à Nossa Senhora. “Minha mãe significa aquela que, se eu for a um lugar e ela não puder entrar, eu também não vou”.
Para o Círio 2023, ela conta que esse ano não tem nenhum pedido, só vai agradecer por uma graça mais recente alcançada, que foi a aprovação da filha em um concurso público.
E pelo segundo ano consecutivo, Cris participa do Coral do Círio promovido pela Fundação Casa da Cultura de Marabá. “Pra mim foi inexplicável. Foi difícil cantar. A imagem passando e a gente se emocionando. Tive de fechar os olhos. Foi muito lindo e esse ano quero repetir a dose. Depois do coral, sigo na caminhada do Círio”, finaliza.
(Ana Mangas)