Correio de Carajás

Inédito! Cientistas criam impressão 3D para reparar lesões cerebrais

Pesquisadores acreditam que a técnica ce reprodução em 3D poderá reparar lesões cerebrais de pessoas que sofreram AVCs e traumas na cabeça

Yongcheng Jin/ Universidade de Oxford

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, conseguiram demonstrar pela primeira vez que é possível reproduzir células neurais com impressões 3D, imitando a arquitetura do cérebro. O projeto foi apresentado, nesta quarta-feira (4/10), em um artigo publicado na revista Nature Communications.

Os autores acreditam que, com o aperfeiçoamento da técnica, a técnica servirá para fazer reparos personalizados em lesões cerebrais, o que seria uma revolução no tratamento de pacientes que sofreram traumas na cabeça, episódios de acidente vascular cerebral (AVC) ou passaram por cirurgias para remover tumores. Essas condições normalmente resultam em dificuldades de cognição, movimento e comunicação.

Estima-se que, todos os anos, 70 milhões de pessoas no mundo sofram lesões cerebrais traumáticas (TCE) – 5 milhões destes casos são graves ou fatais. Sem um tratamento eficaz para as lesões mais sérias, os pacientes acabam sofrendo sérios impactos na qualidade de vida.

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Além de serem usada para reparar lesões de pacientes, as impressões 3D poderiam ser utilizadas em testes de medicamentos.

Implantadas no cérebro
Os pesquisadores da Universidade de Oxford fabricaram um tecido cerebral de duas camadas por meio de impressões 3D de células-tronco neurais humanas. Os modelos foram implantados em cérebros de camundongos e demonstraram uma forte integração com o tecido dos animais.

A migração de neurônios entre o tecido hospedeiro e o implante foi vista como promissora pelos pesquisadores. As células implantadas também conseguiram se comunicar com as células dos camundongos.

“Este avanço marca um passo significativo em direção à fabricação de materiais com toda a estrutura e função dos tecidos cerebrais naturais. O trabalho proporcionará uma oportunidade única para explorar o funcionamento do córtex humano e, a longo prazo, oferecerá esperança aos indivíduos que sofrem lesões cerebrais”, afirmou o principal autor do estudo, Yongcheng Jin, pesquisador do Departamento de Química da Universidade de Oxford.

Próximos passos
Na próxima fase do estudo, os cientistas pretendem refinar ainda mais a técnica de impressão para criar tecidos complexos de córtex cerebral com múltiplas camadas, imitando a arquitetura do cérebro humano de maneira ainda mais realista.

“O desenvolvimento do cérebro humano é um processo delicado e elaborado com uma coreografia complexa. Seria ingênuo pensar que podemos recriar toda a progressão celular em laboratório. No entanto, o nosso projeto de impressão 3D demonstra um progresso substancial”, considerou o líder do trabalho, professor Zoltán Molnár, do Departamento de Fisiologia, Anatomia e Genética da Universidade de Oxford.

(Metrópoles)