Cláudio Vieira de Oliveira, um brasileiro que mora na cidade de Monte Santo, no sertão da Bahia, ajudou pesquisadores do Dartmouth College, dos Estados Unidos, a terem novas pistas sobre como o cérebro armazena informções sobre os rostos das pessoas.
A pesquisa em desenvolvimento pode ajudar a compreender porque algumas pessoas com transtornos do espectro autista (TEA) têm dificuldade em reconhecer rostos, por exemplo.
Claudinho, como ficou conhecido, tem a doença Artrogripose Múltipla Congênita (AMC), que restringe a amplitude de movimento nas articulações. Ele nasceu com as pernas atrofiadas, os braços colados ao peitoral e a cabeça virada 180° para trás.
Leia mais:A maioria das pessoas é pior em processar informações em rostos quando está de cabeça para baixo, um fenômeno conhecido como efeito de inversão de face. “Isso afeta quase todos os aspectos da percepção facial – identidade, leitura das expressões faciais das pessoas, decisão se alguém é atraente”, explicou Brad Duchaine, do Dartmouth College, em um comunicado.
Cláudio, no entanto, demonstra níveis semelhantes de percepção quando precisa identificar rostos em imagens, independentemente de serem mostradas na vertical ou de cabeça para baixo.
Estudo sobre a percepção dos rostos
Além de Cláudio, o estudo contou com a participação de outras 22 pessoas que normalmente mantêm a cabeça ereta, para testar a capacidade de percepção facial delas. Os voluntários deveriam responder se duas imagens – uma apresentada de perfil lateral e outra mostrando o rosto completo – eram da mesma pessoa.
Cláudio deu respostas corretas em 61% das vezes que foi apresentado a rostos na vertical, e 68% das vezes em que eles estavam invertidos. Para o grupo controle, a percepção foi de 83% e 64% respectivamente, demonstrando maior dificuldade em identificar rostos invertidos.
Para os cientistas, isto sugere que a forma como reconhecemos rostos se deve a fatores evolutivos, bem como a experiências pessoais. A melhor pontuação de Claúdio para reconhecer os rostos vidados de cabeça para baixo foi importante para confirmar a capacidade de adaptação.
(Metrópoles)