Correio de Carajás

Falha em usinas solares e eólicas causou apagão em agosto, diz ONS

Equipamentos de controle de tensão não atuaram conforme dados fornecidos pelas usinas. Falta de energia atingiu 25 estados e o Distrito Federal em agosto.

Subestação Quixadá II, local onde ocorreu falha que gerou apagão nacional, segundo o Ministério de Minas e Energia — Foto: Jackson Perigoso/Arquivo pessoal

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou falha no desempenho de equipamentos em usinas eólicas e solares como a principal causa do “efeito dominó” que levou ao desligamento de linhas de transmissão e ao apagão de 15 de agosto.

Os dados constam na minuta do relatório de análise de perturbação (RAP), disponibilizada na segunda-feira (25). A versão final do documento deve ser entregue até 17 de outubro.

Segundo o ONS, os equipamentos deveriam compensar automaticamente a queda de tensão causada pelo desligamento da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II –o “evento zero” do apagão.

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No entanto, os dados oficiais sobre funcionamento dos equipamentos fornecidos pelas usinas não corresponderam ao seu desempenho após o desligamento da linha no Ceará.

‘Impossível identificação’

 

Na minuta, o operador afirma que a diferença nos dados fornecidos tornou “impossível a identificação prévia por parte do ONS do risco de atuação da PPS [Proteção de Perda de Sincronismo] causado pelo colapso de tensão em parte do sistema” depois do desligamento da linha.

A PPS é uma das proteções do sistema elétrico e atua para evitar que o problema se espalhe no sistema interligado.

Dessa forma, houve um efeito cascata de desligamento de linhas de transmissão que causou o apagão do dia 15 de agosto, quando 34,5% da demanda de energia elétrica foi interrompida.

Providências tomadas

 

No documento, o ONS afirma que vai propor à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a elaboração de novos procedimentos para envio e validação dos dados pelas usinas.

Essa medida teria o objetivo de “assegurar reprodução fidedigna dos seus desempenhos em campo, tanto no processo de integração de novas usinas quanto em todo o ciclo de vida”, afirma o ONS.

O operador solicitou ainda que as usinas eólicas e solares enviem dados e informações sobre os parques de geração, com documentação detalhada de equipamentos, modelos de simulação e validação dos dados. Isso deve ser feito até janeiro de 2024.

Relatório aberto a contribuições

 

A publicação da minuta do relatório é uma das etapas anteriores à conclusão da análise. Nessa etapa, os agentes do setor devem enviar contribuições. O ONS tem até 17 de outubro para concluir o documento.

“O RAP que está em elaboração é um dos mais importantes da nossa história e será fundamental para o aprimoramento do planejamento, da operação, da regulamentação e da integração de novos projetos”, afirmou o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi.

(Fonte:G1)