Correio de Carajás

Marabá recebe ensaio imersivo da peça musical A Fulô João do Vale

A apresentação é idealizada pela marabaense Danielly Daissak, que funde a naturalidade paraense com as raízes maranhenses

A imersão foi um ensaio aberto para convidados íntimos

No sábado, dia 9 de setembro, a cantora-intérprete Danielly Daissak promoveu em Marabá, cidade onde nasceu, uma imersão na peça musical A Fulô João do Vale. A afinidade com a arte e o canto vem de berço. Danielly é filha de uma cantora e de um cantor – que têm como profissões a administração e a alfaiataria – nascidos no Maranhão e no Pará, especificamente, em Marabá.

A imersão foi um ensaio aberto para convidados íntimos, prática inspirada em artistas como Silvia Leão (Belém-PA) e Denise Stoklos (São Paulo-SP), que ressaltam a importância de formar ambientes de experimentações abertas ao público. “A ideia principal é colaborar para que ambientes diversos se tornem palco de experimentações artísticas, como uma possibilidade de contrapartida pela premiação com recurso público, que mais pessoas possam ter acesso a bens culturais dentro e fora dos grandes palcos, do Grande Público”, explica a artista.

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A peça musical, que será apresentada pela primeira vez em 14 de outubro, no Teatro do Núcleo de Oficinas do Curro Velho, no bairro do Telégrafo, em Belém, traz consigo a oportunidade de refletir sobre questões sociais latentes do Brasil, através de uma interpretação de obras do maranhense João do Vale, “o poeta do povo”, nascido em 11 de outubro de 1933, no Quilombo Lago da Onça, em Pedreira. “A Fulô João do Vale é um canto que fala da diversidade cultural contida na relação natureza-trabalho com enfoque temático nos ofícios de lavadeira, lavrador, jangadeiro, boiadeiro, cantador, etc. Neste cenário, a Fulô tem a ver com a música de maior sucesso desse artista, “Pisa na Fulô”, mas também trata dessa brincadeira de gênero masculino e feminino deste trabalho proposto”, explica Danielly.

A artista é paraense com origens maranhenses, o que lhe atravessou ainda mais quando passou a morar em Imperatriz-MA, em julho de 2013. Assim, há quase uma década pesquisa essas raízes interligadas entre esses dois estados, situados em duas regiões diferentes, mas em um mesmo bioma, a Amazônia. Neste percurso, teve um encontro importantíssimo com a artista popular Lília Diniz, que lhe convidou para participar de peças musicais como “Quintal das Marias” – que pode ser encontrada no Youtube – e de diversas aprendizagens sobre Produção Cultural, junto à Associação Cultural Casa das Artes.

O sonho de montar o trabalho A Fulô João do Vale está sendo realizado graças ao edital Prêmio FCP de Incentivo às Artes e à Cultura – 2023, da Fundação Cultural do Pará, na categoria Música. O espetáculo será gratuito e livre para todos os públicos e será oferecida, ainda, uma oficina dividida em três partes e destinada a crianças de 7 a 12 anos, nos dias 18, 19 e 20 de outubro.

CURRO VELHO

A Fulô João do Vale tem a honra de ser uma peça produzida de forma autônoma do Núcleo de Oficinas do Curro Velho, todavia, prioriza ocupar o espaço com a peça musical como forma de aproximar-se do Grande Público, e que foge à lógica central da capital belenense.

A escolha do local para a apresentação da peça e realização da oficina está ligada, ainda mais, à possibilidade de inclusão social e acesso aos bens culturais que norteiam o espaço cultural. A estrutura é planejada para receber o público de prioridades, incluindo pessoas com deficiência, grávidas e idosos, e haverá, ainda, interpretação em Libras do musical, cuidado este que também tem sido tomado na divulgação das informações sobre o evento.