Correio de Carajás

Mortes na Líbia após enchentes históricas ultrapassam 11 mil

Crescente Vermelho estima que outras 10 mil pessoas estejam desaparecidas apenas em Derna, a cidade mais atingida.

Visão aérea mostra a destruição na cidade de Derna, na Líbia, em 14 de setembro de 2023 — Foto: Ayman Al-Sahili/REUTERS

O número de mortos na cidade de Derna, na Líbia, chegou a 11,3 mil, disse o Crescente Vermelho nesta quinta-feira (14).

A secretária-geral do Crescente, Maria el-Drese, afirmou à agência de notícias Associated Press que além dessas mortes há 10,1 mil desaparecidos na cidade.

Derna foi a cidade mais atingida. Duas barragens romperam perto do núcleo urbano e as águas desceram por um vale que corta a cidade, levando pessoas, carros e prédios no caminho –que termina no mar.

Aviso 72 horas antes

 

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, já havia avisos de perigo 72 horas antes da tempestade atingir o país. Teria sido possível remover uma parte da população.

As autoridades que controlam a região lesta da Líbia avisaram o público que uma tempestade iria cair no sábado, mas não houve nenhum tipo de aviso sobre possível rompimento de barragem.

País dividido

 

As informações divulgadas pelo governo e órgãos líbios podem não ser precisas porque, desde 2011, o país está politicamente dividido entre leste e oeste. Por conta disso, os serviços públicos entraram em colapso.

Há um governo reconhecido internacionalmente com sede em Trípoli, mas esse governo não controla as áreas orientais, o que dificulta a obtenção de dados na região (leia mais abaixo).

Info Derna — Foto: g1
Foto: g1

Conflito na Líbia

 

Em 2011, a Líbia foi dividida entre governos rivais após a queda de Muammar Kadhafi. A administração reconhecida pela ONU está baseada em Trípoli. No entanto, essa gestão não tem controle sobre o leste do país, que foi mais afetado pela tempestade.

Atualmente, a Líbia tem dois primeiros-ministros: Abdul Hamid Dbeibah fica em Trípoli e comanda a faixa oeste; já Ossama Hamad governa o lado leste da cidade de Benghazi.

Ambos os governos possuem apoios de países diferentes. Enquanto Trípoli tem o apoio da Turquia, Catar e Itália, o governo de Benghazi é respaldado por Egito, Rússia e Emirados Árabes.

Mesmo diante da pressão internacional, o país enfrenta dificuldades em ser unificado. Em 2021, uma eleição chegou a ser marcada, mas acabou adiada.

Diante da disputa, conflitos violentos entre grupos rivais já mataram dezenas de pessoas. Em agosto, por exemplo, um confronto entre grupos armados deixou 45 mortos em Trípoli.

A Líbia também possui grandes reservas de petróleo. No entanto, a riqueza reflete muito pouco no dia a dia da população.

(Fonte:G1)