Dias após anunciar suspensão de atividades em Barcarena e Paragominas, no Pará, a Hydro afirmou que pode retornar a operar com 50% da capacidade, após autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) para utilizar o sistema de filtro prensa no Depósito de Resíduos Sólidos 1 (DRS1). O mecanismo é utilizado no processamento da bauxita, separando líquidos e sólidos.
A empresa está operando com 50% da capacidade de produção por determinação da Justiça, pois é investigada por incidentes em Barcarena. Nos dias 16 e 17 de fevereiro, efluentes não tratados foram despejados no leito do rio Pará para diminuir a pressão e o volume de água de chuva sobre o DRS1, contaminando rios e igarapés da região onde a refinaria está instalada.
Com a determinação do Ibama, a empresa disse que deve estender a vida útil da área de destinação dos resíduos, que estaria próxima da capacidade. Por este motivo, a multinacional havia anunciado a suspensão, já que está operando com 50% de produção desde março, por determinação judicial, e que, segundo a Hydro, estava impedida de usar o filtro prensa, devido o embargo.
Leia mais:A Hydro disse que, após a decisão, deve trabalhar com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) para obter autorização para o uso do filtro prensa no DRS1. A reportagem entrou em contato com a Semas e aguarda retorno.
De acordo com os Ministérios Públicos Federal (MPF) e do Estado (MPPA), a Hydro agiu contra a segurança do processo produtivo quando despejou efluentes no meio ambiente. Em nota, os órgãos disseram que a companhia sabia que a vida útil do primeiro depósito de rejeitos, o DRS1, estava chegando ao fim e que deveria ter se programado para licenciar completamente o segundo depósito.
Entenda o caso
Nos dias 16 e 17 de fevereiro deste ano, resíduos de bauxita contaminada vazaram da Hydro Alunorte para o meio ambiente após fortes chuvas em Barcarena. Após uma vistoria com a presença da procuradoria do Ministério Público, foi identificado uma tubulação clandestina que saía da refinaria e despejava rejeitos que contaminaram o solo da floresta e rios das localidades próximas. Ainda foram encontradas outras duas tubulações ilegais que tinham a mesma finalidade.
O Instituto Evandro Chagas realizou coletas de solo e água nas comunidades que ficam ao redor da Hydro e após análise em laboratório foi constatado alteração nos elementos químicos presentes no solo, além da presença de metais pesados e cancerígenos como chumbo. A Hydro encomendou um estudo que refutou as análises do IEC e negou que houve contaminação. (Fonte:G1)