A iniciativa que visa a preencher um vazio significativo nas certidões de nascimento e identidades dos marabaenses já está em andamento na cidade. O projeto “Minha Certidão, Minha Cidadania: Pai Legal” nasceu para oferecer uma solução acessível para pais que desejam reconhecer voluntariamente, ou por meio de exames de DNA, seus filhos.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Inácio de Souza Moita, abriu suas portas na manhã desta quinta-feira (10), para receber esta ação transformadora. O projeto oferece uma oportunidade para aqueles que, por diferentes motivos, não puderam incluir o nome do pai nas certidões de nascimento de seus filhos.
O casal Helen Cristiane da Conceição e Marcelo Damascena compartilharam com a reportagem deste CORREIO sua emocionante jornada enquanto aguardavam na fila da triagem para dar um passo importantíssimo, três dias antes de um domingo específico.
Leia mais:Casados há sete anos, eles se dirigiram à escola para oficializar a paternidade afetiva de seu filho, Anderson Luan. Com brilho nos olhos, Helen expressou o significado do momento: “Ele não é o pai biológico, mas é o pai afetivo. Ele cuidou, deu amor e carinho por tanto tempo, reconhecendo-o como filho. É um presente de Dia dos Pais muito especial”.
Até mesmo um pedido foi formalizado por Marcelo a Anderson que, sem hesitar, respondeu que gostaria de levar o nome do pai em seus documentos, além do coração.
Helen relatou que o pai biológico morreu quando o filho tinha apenas três meses, impedindo que Anderson tivesse qualquer lembrança dele. Algum tempo depois, ela e Marcelo começaram a se relacionar e oficializaram o matrimônio. A convivência e o cuidado criaram, com o tempo e afeto, o relacionamento.
Francelino Eleutério, coordenador da Defensoria Pública em Marabá, explica com entusiasmo a origem do projeto: “Sempre me incomodou a grande quantidade de casos de sub-registros paternos que chegam ao órgão. Diante disso, decidimos criar o projeto e submeti à coordenação, que aprovou. Era hora de agir e fazer a diferença”, disse.
Francelino sustenta que a ação transcende os muros da Defensoria e a iniciativa não tem como público alvo apenas alunos, ela abrange todo o bairro. Ele ressalta a parceria da Secretaria Municipal de Educação, Ministério Público e Cartório do Primeiro Ofício demonstra como diferentes instituições se uniram para criar um impacto real na comunidade.
Edgar Moreira Alamar, Corregedor Geral, presente na ação atuando como defensor público, relata sua perspectiva sobre a importância do projeto. “A Defensoria Pública sai de seu gabinete para atender às necessidades dos cidadãos carentes, garantindo direitos fundamentais. Estar presente e atuante nesse projeto é uma forma tangível de nosso compromisso”, enfatiza.
Lindalva Silva, coordenadora da Secretaria Municipal de Educação, detalhou o processo de preparação do projeto: “Realizamos um levantamento e identificamos cerca de 3.277 alunos sem a paternidade registrada. Visitamos famílias, sensibilizamos sobre o direito das crianças e organizamos um cronograma de atendimento. É emocionante ver isso se concretizando”, compartilha. (Thays Araujo)