Correio de Carajás

PF pedirá indiciamento de indígenas por mortes de rapazes em aldeia

Os três rapazes entraram na reserva indígena para caçar e foram assassinados

Ao concluir o relatório de investigação sobre o assassinato de três jovens dentro de uma terra indígena em Novo Repartimento, a Polícia Federal pedirá o indiciamento de indígenas pelo crime que chocou o País. Os três foram encontrados mortos dentro da terra indígena Parakanã, em 24 de abril de 2022. São eles Cosmo Ribeiro de Sousa (29 anos), José Luís da Silva Teixeira (24) e Willian Santos Câmara (27).

Confeccionado pela Delegacia de Marabá, o relatório segue agora para o Ministério Público Federal, que tomará as providências cabíveis e indiciar os acusados do crime. Como o caso segue em segredo de Justiça, nossa reportagem não teve acesso aos nomes dos indiciados.

Mas, diante da informação, este CORREIO entrou em contato por telefone com o advogado Cândido Júnior, que foi constituído pelas famílias das vítimas para acompanhar o caso. Ele explicou que ainda não teve acesso ao relatório final, pois ainda estaria faltando uma última diligência, porém disse que dentro de três dias terá acesso a tudo e a família deve se pronunciar sobre o caso.

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Os corpos foram encontrados em uma cova rasa com sinais de tortura

Conforme noticiado, detalhadamente pelo CORREIO, os jovens Cosmo, José Luís e Willian entraram na terra indígena para caçar, algo que é bem comum na região. Mas simplesmente desapareceram. Diante disso, começaram as buscas com uma intensa mobilização, que reuniu Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e até mesmo a Força Nacional, pois muitos moradores da área pretendiam invadir a reserva em busca dos jovens, sempre na esperança de que ainda estivessem vivos.

Somente no dia 30 de abril, os três corpos foram encontrados em uma cova rasa, com as mãos amarradas para trás e sinais de tortura no corpo. Suspeita-se, inclusive, que eles foram enterrados vivos. Possivelmente essa informação será confirmada ou descartada no relatório.

Desde a época do crime, estabeleceu-se um clima de comoção, revolta e uma tensão entre moradores da cidade e os indígenas. Houve necessidade da permanência da Força Nacional por bastante tempo na área, até que a iminência de um conflito fosse dissipada. Também surgiram algumas versões para a motivação e possível autoria do crime. Agora, com a conclusão do relatório, a verdade – ou uma versão aproximada dela – virá à tona. Será um novo e necessário capítulo para essa história trágica. (Chagas Filho)