Correio de Carajás

Jovens doutores terão R$ 100 mil de instituto para pesquisa científica

Vinte e quatro pesquisadores das áreas de matemática, ciência da computação e ciências naturais foram selecionados na segunda chamada pública do Instituto Serrapilheira, instituição privada, sem fins lucrativos que tem como objetivo a produção de conhecimento e iniciativas de divulgação científica. Na primeira etapa, cada selecionado receberá até R$ 100 mil para um ano de trabalho.

O diretor-presidente do Serrapilheira, Hugo Aguilaniu, disse que a meta é fomentar a pesquisa por si própria, sem a necessidade de uma busca prática efetiva neste primeiro momento. “Acreditamos muito que o motor não pode ser a aplicação, mas sim a produção de conhecimento. O cientista não quer descobrir uma grande resposta, primeiro ele quer entender o processo”, afirmou.

“Nossa chamada está desenhada para jovens cientistas fazerem grandes perguntas. Ousar. Não pedimos nenhum tipo de aplicabilidade. Nos interessamos pela produção do conhecimento. E fazemos isso, porque sabe que o jeito que acontece a pesquisa é entender como funciona o processo cientifico, biológico, físico ou matemático. O que importa é o conhecimento e a partir desse conhecimento, de repente, percebemos que tem aplicação”.

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O público alvo são pesquisadores que tenham concluído o doutorado entre 2011 e 2016 e que tenham vínculo de emprego, seja como professor ou pesquisador, em instituições públicas e privadas. Mulheres com um filho têm um ano a mais de prazo de conclusão e mulheres com dois filhos ou mais tem prazo de mais dois anos.

Segundo Aguilaniu, o perfil dos selecionados tem sido de pesquisadores entre os 35 e 40 anos, mas o que é levado em conta é a “idade científica”.

Os 24 escolhidos terão disponíveis, por um ano, recursos de até R$ 100 mil. Depois de um ano, três pesquisadores serão selecionados para um projeto de três anos e valor total de até R$ 1 milhão, no período, com possibilidade de renovação com até R$ 300 mil por ano. Para ser aprovado, cada projeto precisa receber o parecer favorável de três especialistas.

Aguilaniu destaca que é preciso tempo para se fazer uma “grande” descoberta científica, e a pressão de agências financiadoras pode atrapalhar nesse desenvolvimento. “Isso é terrível, porque incentiva o cientista a fazer coisas pequenas, se ele é cobrado por produção anual. Se você deixa o cientista trabalhar por um tempo mais longo, ele pode construir uma coisa maior e responder uma pergunta mais impactante, com liberdade de escolher como será usada a verba. Não queremos que a questão de dinheiro atrapalhe o processo criativo do cientista”.

Repasses

A primeira chamada do instituto foi lançada em julho de 2017, com início dos repasses em março deste ano. Na ocasião, foi mapeada a pesquisa de jovens brasileiros que concluíram doutorado em, no máximo, 10 anos. Segundo a diretora de Pesquisa Científica do Serrapilheira, Cristina Caldas, haverá chamadas anuais para os trabalhos, o que faz parte do Programa de Apoio a Jovens Cientistas de Excelência.

Na primeira chamada, se inscreveram cerca de 2 mil projetos. As inscrições podem ser feitas até 5 de novembro. Os recursos começam a ser pagos em junho de 2019. Mais informações pelo site do instituto (Agência Brasil)