As aulas em várias escolas municipais de Marabá estão paralisadas desde a manhã desta quarta-feira (9), por tempo indeterminado. É o que afirma Tatiana Alves, coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), subsede Marabá. O ato que demarca o início da greve aconteceu nesta manhã, em frente à sede da Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (SEVOP) e contou com a presença de cerca de 300 servidores, munidos de faixas, carro de som e palavras de ordem.
“Foi deliberado na quinta-feira (2), em assembleia da categoria e foi deflagrada a greve. Nós apresentamos para o governo na sexta-feira (3), às 9h50 da manhã e a paralisação começa hoje”, explica Tatiana.
Conforme ela, determinadas instituições de ensino serão totalmente paralisadas e em outras haverá um revezamento. “Mas não vai funcionar 100% enquanto o governo não sentar e apresentar uma proposta para os trabalhadores deste município, que merecem respeito”, esbravejou.
Leia mais:A agenda da greve está mantida até sexta-feira (11), e sua grande motivação é a omissão do prefeito Tião Miranda, quanto a um posicionamento sobre as pautas levantadas desde 2022. “Temos também a questão do retroativo de oito anos, que o governo ficou de negociar agora em maio, e recuou. Esse posicionamento do governo na mesa de negociações é muito ruim, porque abriu um precedente para o movimento no segundo semestre, proliferando ainda mais pautas nessa luta”, assegura Joyce Rebelo, também da coordenação do Sintepp.
Ela aponta que a expectativa do movimento é que a gestão se manifeste e apresente propostas que a classe considere razoáveis, para que o movimento de greve tenha fim. “A gente espera que a gestão entre em comunicação para começar a enxugar a pauta, fazendo uma negociação razoável”.
Joyce informa que o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Estado do Pará (Sintesp) e o Sindicato dos Servidores do Município de Marabá (Servimmar) estão deliberando a decisão de aderir ou não ao movimento.
Somando à fala de Joyce, Tatiana Alves é veemente ao falar que desde o início do ano os educadores tentam negociar suas pautas com o governo, com destaque para a que trata sobre o piso dos professores. A classe reivindica o pagamento imediato do piso do magistério 2022, com percentual de reajuste de 23,24% e o de 2023, de 14,95%. Além disso, o pagamento retroativo também é requerido.
Algumas demandas abarcam profissionais de todas as classes, como o vale alimentação. “É uma pauta que é para todos os servidores do município de Marabá. Lembrando que ele (o vale alimentação) possui uma legislação que diz que o tópico tem que ser debatido no mês de dezembro, para que o valor seja implementado a partir de janeiro”, cita, dizendo que até agora, em agosto, nenhuma discussão e nem proposta foi realizada em relação ao reajuste do valor desse benefício.
Há também o pedido de reajuste salarial para servidores de nível médio, bem como a implementação da hora-atividade, que ainda não aconteceu. “Marabá é um dos poucos municípios dessa região que não está contemplado de nenhuma forma. Lugares menores já iniciaram e os companheiros já têm a hora-atividade”, explica.
Anteriormente, a gestão municipal pediu, em uma mesa de negociação, que o reajuste fosse debatido no final do primeiro quadrimestre, em maio, mas não houve nenhum avanço sobre o tópico.
“Quando a gente conseguiu reunir em julho com o Tião, ele disse que não vai conseguir conceder nenhum reajuste para o servidor, nada que comprometa a folha de pagamento”, relata Tatiana.
Ela revela que outras pautas também foram suspensas pelo gestor, que aguarda aumento na arrecadação do município para, só então, pagar o que está sendo pedido.
A coordenadora frisar, por fim, que em anos anteriores, arrecadações substanciais foram feitas e a postura do governo sempre foi a mesma: ausência de diálogo com os servidores e apresentação de reajustes que fossem satisfatórios para a classe.
NOTA DA PREFEITURA
Por outro lado, em nota enviada à Redação, a prefeitura informa que “tem mantido um diálogo constante com o sindicato, o qual resultou na formação de uma comissão permanente para discutir pautas da entidade. As pautas vêm sendo resolvidas de forma constante com base na realidade financeira da prefeitura. No caso da pauta em questão, sindicato e prefeitura estão em tratativa para uma solução desta situação pontual. O direito de greve é garantido por lei e não altera de forma negativa as negociações”. (Thays Araujo e Luciana Araújo)