Correio de Carajás

Cearense cria técnica de descoloração de cabelo com folha de bananeira e promete fios mais saudáveis

Josué de Castro Neto compartilha nas redes sociais os processos que realiza para transformar o material orgânico em um papel de fácil manuseio

Foto: Reprodução

 

Descolorir ou tingir os cabelos talvez seja uma das técnicas mais realizadas em salões de beleza. O combo de água oxigenada, pó descolorante e papel alumínio é bastante conhecido, porém agressivo para os fios e também para o meio-ambiente. Foi pensando nisso que o cabeleireiro cearense Josué de Castro Neto resolveu criar a própria técnica.

Morador de Messejana, Josué atua na área desde os 15 anos. Aprendeu o ofício com a mãe que também é cabeleireira. “Sempre gostei de inovar, nunca fiz só o que era pra fazer. Foi o que me levou até aqui”.

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Inspirado na culinária nordestina, Josué observou que a folha de bananeira suporta altas temperaturas e se questionou se seria possível utilizá-la para substituir o papel alumínio no processo de descoloração como uma opção mais ecológica. Ele se debruçou a estudar as propriedades da planta e a fazer testes.

“Eu queria algo diferente que funcionasse e que fosse profissional. Fui estudar e fazer testes, foi bem eficiente no começo. Consegui desenvolver uma técnica, desde a retirada até o descarte, para ela se transformar num papel com um método de armazenamento que criei. Assim, eu utilizo algumas frescas e outras eu faço o preparo”, detalha.

Josué produz ainda as próprias cumbuquinhas com a quenga do coco e espátulas com bambu para misturar os produtos. Todos esses itens são comercializados para outros profissionais da beleza.

SAÚDE DOS FIOS

Além do baixo impacto ambiental, Josué garante que a técnica é menos agressiva aos fios e, quando a folha é utilizada fresca, libera substâncias que tratam o cabelo, como o polifenol, um antioxidante que estabiliza a elasticidade e dá força ao fio.

“Há vários estudos que mostram que, quando o papel alumínio entra em contato com o pó descolorante, ele libera metais pesados e injeta no fio. Partindo disso, pensei que se o descolorante tem esse poder de fazer isso, com certeza vai extrair alguma coisa da folha orgânica. Estudei e vi que a bananeira é rica em vitaminas”.
JOSUÉ DE CASTRO NETO
cabeleireiro

Não há comprovação científica, porém o profissional afirma ver, na prática, a diferença causada nos cabelos com a troca do alumínio pela folha de bananeira. Ao longo do tempo, ele notou que as madeixas das clientes ficavam mais brilhosas e saudáveis.

“Fora que não atrapalha em nada, consigo chegar no tom de loiro que eu quero, consigo até mais que com a folha de alumínio na verdade. Já fiz várias descolorações globais sobre ela e os resultados são muito satisfatórios”, destaca.

PREPARAÇÃO DA FOLHA
As folhas de bananeira utilizadas são extraídas do sítio do sogro de Josué em Mulungu. “Uma bananeira só dá banana uma vez e, quando você corta a árvore, nascem quatro ao redor. Não precisa esperar a bananeira dar o fruto pra cortar as folhas”.

Depois de colhidas, as folhas são levadas para a casa de Josué, umas são separadas para serem usadas frescas e as outras para realizar um preparo artesanal até ficar com textura de papel.

“O papel alumínio, pra reciclar, não é tão fácil, porque ele precisa ser descontaminado, e pra fabricar é gerada uma grande quantidade de gases do efeito estufa, então assim de que adianta reciclar, se o impacto foi grande do mesmo jeito?”, questiona Josué.

Nas redes sociais, o cearense compartilha as técnicas utilizadas para recolher as folhas, bem como os resultados dos cabelos descoloridos e tingidos.

(Diário do Nordeste)