Os EUA não possuem um sistema de saúde público como o SUS, que atende pessoas de maneira indiscriminada. Por lá, todo o cuidado de saúde é privatizado, em especial através de planos de saúde. Mas o que acontece quando você fica doente e não tem um plano de saúde ou dinheiro para pagar seu tratamento?
Jornalistas do Wave3, um canal de notícias de Louisville, capital do Kentucky, no sul do país, flagraram seguranças do Hospital da Universidade de Lousville expulsando pacientes e os deixando no meio da rua.
A prática é chamada de “patient dumping” ou “despejo de paciente”, em tradução livre. A cena se repete: são seguranças do hospital acompanhando ou carregando a força pessoas doentes que não tem como pagar o tratamento para longe do centro médico.
Leia mais:Uma funcionária do hospital ligou para os jornalistas da Wave3 relatando que uma mulher havia sido abandonada na calçada. Quando os jornalistas chegaram no local, encontraram a paciente ainda vestida com camisolas hospitalares e desacordada no chão.
Confira o vídeo:
No mesmo dia, os jornalistas registraram outros casos de pessoas expulsas do hospital antes ou depois do primeiro atendimento por conta da falta de pagamento.
Proibido, mas normal
A prática é proibida nos EUA desde o ano de 1986, quando a Lei do Tratamento Médico e do Trabalho de Emergência foi sancionada em nível federal. Contudo, ano após ano, registros desse tipo são feitos.
O LA General Medical Center foi denunciado em 2018 por mandar seus pacientes sem recursos para o Skid Row, a “cracolândia” da cidade. Um ano antes, o hospital Howard, em Washington D.C., foi flagrado jogando um paciente em uma cadeira de rodas em um ponto de ônibus. No mesmo ano, o mesmo ocorrido no Hospital da Universidade de Maryland, em Baltimore:
O público sujeito ao pacient dumping nos EUA é enorme. Em 2021, dados mostravam que 27 milhões de estadunidenses (ou cerca de 8,3% da população do país) não possuíam plano de saúde ou qualquer tipo de acesso à saúde garantido.
Em 2022, segundo o departamento de habitação do governo federal dos EUA, cerca de 582 mil pessoas, ou 0,18% dos estadunidenses, são pessoas em situação de rua. Mais de 30% são crianças.
O hospital estadunidense afirma que os pacientes que foram jogados para fora pela segurança eram, provavelmente, pessoas em situação de rua pedindo assistência e não cuidado médico.
“Os desafios são ainda mais agudos ao fornecer cuidados de saúde à população desabrigada da região metropolitana de Louisville. Como prestador de cuidados de saúde, tratamos condições médicas, mas alguns de nossos pacientes precisam de muito mais”, disse a universidade em nota.
“Independentemente disso, a UofL Health reconhece e cumpre a Lei de Trabalho e Tratamento Médico de Emergência (EMTALA). Todos os indivíduos que se apresentam a qualquer um de nossos departamentos de emergência são examinados clinicamente. Se tiverem uma condição médica de emergência, serão tratados, independentemente de seguro ou capacidade de pagamento”, completa a universidade.
(Fonte: Revista forum/
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