Correio de Carajás

De contador a empreendedor: Igo e o sonho do próprio negócio em Marabá

Atualmente, em Marabá, existem 12.797 microempreendedores individuais, sendo que o maior número é de cabeleireiros, com 754 negócios

Depois de sete anos de carteira assinada, o contador pediu demissão e investiu em seu negócio/Fotos: Jeferson Lima

Após sete anos trabalhando como funcionário de uma empresa com vínculo empregatício através da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), o contador Igo Bruno Ribeiro da Silva, 36 anos, decidiu pedir demissão para realizar o sonho de ter seu próprio negócio.

Depois de um longo período de análises e muito planejamento, a decisão foi tomada e Igo Bruno determinou que o momento finalmente havia chegado. Assim que foi desligado da empresa, o microempreendedor pegou a rescisão e investiu. Viajou para Belém, Macapá e Rio de Janeiro e foi atrás de entender o funcionamento do artesanato voltado para os turistas.

“Sempre tive vontade de ter um restaurante, mas como a minha mãe sempre gostou de produzir artesanatos, começamos a analisar que não havia, em Marabá, um local voltado para artesanato e para o turista, mesmo a cidade tendo muitos visitantes de outras cidades. Foi então que decidimos trabalhar com isso. Foi a partir desse sonho de empreender que começamos”, relembra, ressaltando que a loja é muito familiar, já que a mãe e o pai auxiliam na criação de vários produtos que são comercializados na empresa.

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Contudo, Igo afirma que iniciou seus trabalhos participando da Feira do Pôr do Sol, realizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, na Praça São Félix de Valois, na Velha Marabá, mostrando seus negócios com jardinagem, paisagismo e plantas naturais.

Com a visibilidade, o microempreendedor foi convidado no ano de 2019 para participar de uma feirinha de artesanato em um shopping da cidade.

“Fiquei um ano lá, mas quando veio a pandemia as coisas deram uma parada, e assim que amenizou, decidi sair da feirinha e montar minha própria loja em um outro shopping da cidade”, conta Igo, comemorando os sete anos de criação do CNPJ como Microempreendedor Individual.

O objetivo do empreendedor é atrair turistas que buscam o artesanato da região amazônica

Ele afirma que a decisão de se tonar um MEI veio carregada de sonhos, como o de ter o próprio negócio e a liberdade financeira.

É provável que uma parcela muito grande das pessoas também sonhe em trabalhar por conta própria e só não conseguiu por falta de dinheiro para investir em algo novo.

Para Igo, o desejo de mudar de carreira, seja por infelicidade ou pelo sonho do próprio empreendimento, precisa de cautela, coragem, esforço e muita dedicação.

“Como a minha área está diretamente ligada ao turismo, minha maior dificuldade é quando estamos no período do inverno, nos primeiros meses do ano, quando a cidade recebe menos turistas, e isso impacta diretamente no nosso trabalho. E é aí que a gente precisa se reinventar. Eu utilizo as redes sociais para me ajudar e também visito constantemente hotéis para deixar panfletos e cartões para divulgar a loja. Quando eu era contador, trabalha com o dinheiro dos outros. Agora trabalho com o meu e é bem diferente”, constata.

Atualmente, a loja de Igo, localizada no segundo piso do Shopping Verdes Mares, possui uma variedade imensa de produtos com uma pegada amazônica como: porta incensos, vasos, flores e plantas naturais, bebidas regionais, esculturas de barro pintadas a mão, brincos e colares indígenas, bancos de madeira, chaveiros, imãs de geladeira, entre outros.

Ajuda do SEBRAE

“Antes de tomar a decisão de sair da empresa que eu trabalhava e abrir o MEI, pesquisei bastante e fui diretamente ao Sebrae. E lá, as pessoas me ajudaram muito. Além disso, durante esses sete anos fiz todos os cursos que o Sebrae oferece, como financeiro, fornecedores, atendimento ao cliente e patente da marca. Você entra no Sebrae e eles te ajudam em 100%. Tudo o que você precisa o Sebrae contribui”, elogia.

Números

Atualmente, no Brasil, existem mais de 14,8 milhões de microempreendedores individuais. Segundo o Sebrae Marabá, no município são 12.797, sendo que a maior parte deles são: cabeleireiros (754), promotores de vendas (696) e serviço de taxi (496).

Para Nádia Rodrigues, analista de negócios do Sebrae, existem diversas vantagens em formalizar o trabalho como MEI, como a cidadania empresarial através do CNPJ.

“Ela paga o imposto através de uma única guia, que é o Simples Nacional, que não chega a R$ 100 por mês. Ele concede os benefícios da previdência social, como auxílio doença e aposentadoria por idade. Além disso, o profissional tem a oportunidade de crescimento, podendo migrar para microempresa. Para ser MEI, não precisa ter um contador, ele mesmo é capaz de cuidar das suas finanças”, explica. (Ana Mangas)