Um trecho de apenas 100 km e que já foi um dos melhores pavimentos das rodovias da região se transformou nos últimos dois anos no pesadelo de quem precisa se deslocar entre o sudeste e o sul do Pará. A BR-155 acumula crateras capazes de provocar acidentes graves com carros de passeio, ônibus e até carretas, as quais trafegam às centenas diariamente, transportando grãos e minério. Na chegada a Marabá, soma-se o tráfego do Distrito Industrial e a confluência com outras duas grandes rodovias federais: a BR-230 e a BR-222, no Km 6, ponto de imenso engarrafamento diário, sobretudo nos horários de pico.
A BR-155, antigo trecho sul da PA-150, é hoje uma das principais rotas de escoamento de produção de grãos oriundos do Centro-Oeste do País e que passam por aqui rumo ao porto de Vila do Conde, em Barcarena. No meio empresarial, estima-se que mais de 600 mil carretas estejam trafegando entre o Mato Grosso e o Pará por safra de grãos, que dura meio ano. Antes era uma rota da soja, mas agora o milho também segue esse traçado no mapa.
Sem qualquer aferição de peso, imensas composições rodoviárias massacram os pavimentos das rodovias BR-158, até Redenção e, depois, BR-155, até Marabá. O desgaste se acentuou no último período de inverno e criou imensas e profundas crateras em vários pontos da estrada. Logo próximo a Eldorado do Carajás, um vasto trecho teve o asfalto “esfarelado”, como dizem os motoristas. Nos demais pontos, valas de “fora a fora”, obrigam os motoristas a pararem totalmente os veículos para escolher que parte do assoalho vão bater, usando meia pista.
Leia mais:É assim com um valão que fica logo a 11 km da saída de Marabá no sentido ao sul do Pará. O local é tão perigoso e o buraco tão profundo que no último domingo (24/7), diante do enorme fluxo de veículos no final da tarde, causou engarrafamento de 8 quilômetros.
Advogado de Marabá que trabalha em Eldorado, Fernando Pacheco viaja diariamente entre as duas cidades ao longo da semana. A média de tempo é de 2 horas, segundo ele, em uma viagem que era feita antigamente em uma hora. “O perigo está ali o tempo todo. Imensas carretas, ao tentar fugir das crateras, são jogadas para a outra faixa da pista, quase colidindo com os carros menores. São valas profundas. Já trinquei roda de carro, estourei pneus e, nesse tipo de ocorrência você ainda fica parado no meio da estrada, pois não tem acostamento”, comenta o advogado.
O pecuarista Reinaldo Zucatelli, empresário de Marabá e que tem fazenda na região do Sororó, a 44 km da sede do Município, é outro que reivindica que o governo federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), tome providências urgentes quanto à rodovia, que hoje é importante para a balança comercial do país.
Reinaldo destaca que o escoamento de grãos é algo importante para o nosso estado, mas que a nova dinâmica que impõe às rodovias do Pará, de um tráfego pesado, precisa vir junto com ações do governo para fiscalização de peso, duplicação da rodovia e recuperação do pavimento. “É um absurdo que essa rodovia esteja assim. É lamentável”, diz o pecuarista.
DENTRO DA CIDADE
Na área urbana de Marabá a BR-155 também é um desafio diário. O trecho do Distrito Industrial (DIM) até o Km 6, para entrar na Nova Marabá, já exige duplicação há anos e ela parece bem distante de acontecer. Quem trabalha no DIM, no frigorífico ou em um residencial que existe no trecho, já sabe que é preciso exercitar a paciência.
Às 8 horas da manhã, ao meio dia e à tarde, a partir das 16 horas, chega a levar mais de hora a chegada à entrada da cidade. É uma agonia diária, que impõe prejuízos financeiros e revolta a pessoas da comunidade.
Siderúrgicas como a Sinobras tiveram de alterar os horários das trocas de turnos na indústria, para que o tempo dos colaboradores rendesse, uma vez que estavam ficando horas nos engarrafamentos para chegar na empresa e para voltar para casa.
DNIT
Na Unidade Local do DNIT em Marabá, o CORREIO tentou saber sobre os planos do Governo Federal para a BR-155 e o que pode ser feito emergencialmente, mas ouviu, como tem sido nos últimos anos, que apenas a assessoria do órgão em Belém é autorizada a falar sobre o assunto. O Jornal não conseguiu retorno dessa instância.
Mas, de outro lado, a reportagem apurou extraoficialmente, que a Unidade do DNIT de Redenção, é hoje responsável pela conservação da BR-158 e da BR-155. O órgão está sem contrato de conservação no momento, uma vez que a última licitação sofreu intervenção do Tribunal de Contas e foi dado início a um novo processo.
A gestão da BR-155 é dividida em três trechos: de Redenção a Xinguara; de Xinguara a Eldorado do Carajás e o outro de Eldorado a Marabá, e é justamente este último, objeto desta reportagem, que se encontra sem contrato de conservação. Houve uma licitação recente, ainda não homologada. (Da Redação)