Correio de Carajás

Funcionária do HMM é acusada de furtar remédios e intimidar servidores da casa de saúde

Segundo a denúncia que está sendo investigada pelo MPPA, todos os atos da coordenadora da farmácia do hospital possuem aval da direção

Janaires Ferreira de Rezende, atual coordenadora da farmácia do Hospital Municipal de Marabá, é acusada de furtar remédios e insumos do hospital para vender em sua farmácia particular, localizada no município vizinho, em Itupiranga.

Segundo a denúncia, protocolada no Ministério Público do Estado do Pará, Janaires teria total respaldo do diretor administrativo do hospital, Fabrizzio Bastos. “Estão tendo um caso amoroso, se pegando até mesmo dentro da farmácia. Fabrizzio também pede remédios para a coordenadora para entregar para alguns vereadores levarem para seus eleitores”, diz um trecho do documento.

Ainda de acordo com o denunciante, o servidor Elismar Castro também estaria acostumado a pegar medicamentos na farmácia do HMM para abastecer o estoque em sua farmácia particular “e com isso lucrar, igualmente como Janaires”.

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Outro ponto ressaltado é que a coordenadora da farmácia costuma intimidar os servidores, com ameaças de que irá efetuar uma advertência ou que irá devolver para a secretaria de origem.

Por fim, Janaires estaria permitindo que alguns funcionários – favorecidos por ela – tenham acesso a medicamentos controlados, admitindo que alguns peguem para fazer o uso sem nenhum tipo de indicação.

Diante da grave denúncia, o promotor de Justiça, Alan Pierre Chaves Rocha, que responde pela Promotoria da Defesa da Probidade Administrativa e Tutela das Fundações e Entidades de Interesse Social, solicitou, no último dia 7 junho, que o HMM repasse informações sobre os fatos citados na denúncia em um prazo de 10 dias.

Porém, no dia 22 de junho o diretor administrativo do HMM, Fabrizzio Bastos, solicitou ao promotor uma prorrogação do prazo, tendo em vista que o hospital “está adotando as diligências necessárias com vistas ao atendimento da solicitação”. No entanto, necessita da dilação do prazo por mais 20 dias para encaminhamento de relatório completo sobre as alegações constantes da denúncia.

RESPOSTA DE FABRIZZIO BASTOS

Procurado pela Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS, o diretor do HMM, Fabrízzio Bastos, enviou a seguinte nota via WhatsApp nesta quinta-feira: “Inicialmente, o processo junto ao Ministério Público se encontra com prazo suspenso até o deferimento do pedido de dilação de prazo requerido e a direção deste HMM se encontra em processo de finalização da manifestação para envio à Promotoria de Justiça.

Quanto às alegações infundadas narradas na denúncia, destaco que já foram realizadas as reuniões setoriais necessárias com a presença da equipe de farmácia em conjunto com esta Direção, no sentido de identificar as problemáticas e otimizar o trabalho do setor, onde os servidores foram ouvidos e não ficou caracterizada nenhuma das condutas apontadas na denúncia encaminhada ao Ministério Público.

Além disso, quanto ao suposto furto de medicamento no âmbito do Hospital, a Direção do Hospital repudia veementemente a denúncia, totalmente infundada e sem qualquer indício de provas, o que caracteriza, inclusive, crime de calúnia. Além disso, é importante ressaltar que o SUS dispõe de sistema de controle de medicamento automatizado, denominado sistema HÓRUS, o qual é responsável por todo o controle de entrada e saída de medicamentos.

A coordenação de farmácia é responsável pelo fluxo de medicamentos do hospital, de modo que exige que todos os servidores respeitem a assiduidade no ambiente de trabalho, sejam dinâmicos e que possam cooperar o máximo possível com o desempenho de trabalho da equipe, levando em consideração, sobretudo, a característica do serviço dispensado pelo HMM (urgência e emergência regional)”.

RESPOSTA DE JANAÍRES

A reportagem do CORREIO DE CARAJÁS procurou a farmacêutica Janaires Ferreira na manhã desta quinta-feira, e ela prontamente respondeu aos questionamentos, com o seguinte teor:

“Tenho participação em uma farmácia no município de Curionópolis e não em Itupiranga, onde em contrato tenho acordado fazer visitas mensais e não semanais, e ser responsável apenas no horário no qual não tenho vínculo com o hospital, onde precisamos ter horário disponível para poder ser responsáveis, conforme o CRF (Conselho Regional de Farmácia). Mas devido à diminuição da demanda, há mais de quatro meses não faço a visita mensal.

No suposto furto de medicação, o hospital conta com o sistema de dispensação do Ministério da Saúde, denominado HORUS, onde qualquer entrada e saída de medicamentos e insumos passam por esse sistema, que é vistoriado pelo próprio órgão que está disponível para averiguação. A entrada de todos esses itens é feita pela CAF (Central de Abastecimento Farmacêutica), cuja gestão é feita pela SMS (Secretaria Municipal de Saúde), e a saída é feita por auxiliares administrativos lotados no setor de farmácia desta instituição, que também estão disponíveis para prestar devidos esclarecimentos, caso haja uma denúncia formal.

Em relação à suposta intimidação de servidores, peço que os que se sentiram de alguma forma intimidados com alguma situação ou fala da minha parte, para que se apresentem para que possamos esclarecer algum mal-entendido que venha ter acontecido, ou até mesmo alguma história inventada para causar alguma intriga para tentar desestabilizar minha gestão”.

Sobre o relacionamento amoroso com o diretor Fabrizzio Bastos, exijo provas em relação a essa acusação, onde fala que “nos pegamos” dentro da farmácia. Também não é verdade que o diretor supostamente pede remédios para dar a políticos. Na farmácia só fazemos dispensação para pacientes mediante a receita medica”, finalizou ela.

RESPOSTA DE ELISMAR DE CASTRO

O também farmacêutico Elismar de Castro Marques, procurado pela Reportagem do CORREIO, considerou “indevida e infundada a acusação em que foi citado em documento enviado pelo Ministério Público do Pará” e enfatizou o mesmo protocolo para retirada de medicação da Farmácia do HMM já citado pela coordenadora Janaíres. Ele confirmou que possui uma farmácia particular, mas que jamais levou medicamentos do HMM para seu estabelecimento, considerando que os remédios disponíveis no hospital não são os mesmos comercializados em sua farmácia.

“Em quase 12 anos de trabalho prestado a esse município, especialmente a esse Hospital, nunca recebi nenhuma acusação ou reclamação que desabone minha reputação, minha conduta como servidor e ser humano e/ou mesmo qualquer menção que desonre meu caráter. Pelo contrario, por inúmeras vezes recebi elogios e reconhecimento, por parte dos servidores e gestores desta Casa, pelo meu trabalho, desempenho, compromisso e honestidade”.

Por fim, Elismar afirma que, em inúmeras vezes utilizou recursos próprios para adquirir remédios para pacientes e servidores quando o HMM não dispunha em sua farmácia. “No que tange à denúncia, o que posso dizer é que se trata de uma total e injusta acusação, sem qualquer mérito e/ou fundamento”.

(Da Redação)