O marabaense Josué Richardson – que participou do programa Masterchef 2023 – foi surpreendido ao ser convidado para participar do Festival Gastronomia Preta, que acontece nos dias 26 e 27 de novembro, no Rio de Janeiro.
O convite para participar do evento inclui a ‘cozinha show’. Ou seja, ele vai ensinar um prato para os convidados que estarão na festa.
Ao CORREIO, Josué admite ter ficado surpreso com o convite e comemora a oportunidade. “Já fui logo dizendo que não era chefe de cozinha. E eles responderam ‘olhamos seu Instagram e vimos que você dá conta’. Estou muito feliz, até porque vou estar ao lado de chefes renomados e que admiro muito, como João Diamante e Kátia Barbosa”.
O cozinheiro adianta que, mesmo ainda faltando alguns meses, já começou a se preparar para o evento. Josué vai apresentar – e ensinar – um prático típico paraense e levar a culinária amazônica para o evento.
Leia mais:“Vou me preparar para chegar lá e não passar vergonha, porque no programa todos os participantes eram amadores, e agora só vai ter gente profissional. Estou na dúvida entre um pato no tucupi e uma rabada no tucupi, que foi o que fiz no masterchef. Vou aproveitar para trocar experiência, fazer contatos e me mostrar mesmo pra ver se rola alguma coisa”, afirma, não sabendo dizer se terá outro cozinheiro paraense no evento.
O convite, que surgiu através das redes sociais, é fruto da sua participação no programa Masterchef. Breno Cruz, colunista do Jornal Notícia Preta e criador do Festival e do Prêmio Gastronomia Preta, esteve fazendo a cobertura das seletivas do programa de televisão, onde conheceu Josué. “Breno me fez algumas perguntas de cunho étnico, perguntou minhas origens, e aí me fez o convite. Disse que de alguma maneira chamei a atenção dele lá”.
Gastronomia Preta
O Gastronomia Preta surgiu a partir da necessidade de “pretagonizar” a gastronomia, com o objetivo de lutar e resistir contra um modelo que privilegia a culinária europeia, mediterrânea, asiática ou norte-americana. A causa é voltada para o povo preto, pardo e indígena na gastronomia, resistindo, lutando e sobrevivendo em uma sociedade que é estruturalmente racista.
Esse é o segundo ano do prêmio, que tem o objetivo de evidenciar os inúmeros e diversos profissionais da cena gastronômica que muitas vezes não são reconhecidos no próprio local de trabalho.
Participam profissionais que trazem, além de comida boa, ótimo atendimento, muito amor, resistência e resiliência no que fazem.
Participação no masterchef
Josué diz que também é surpreso até hoje com a participação no Masterchef. “Estou inserido no shopping, trabalhando, então é um lugar que vem muita gente, e todo dia alguém me aborda pra falar do programa”, conta, acrescentando acreditar que isso ocorre também em decorrência de uma entrevista dada ao Correio de Carajás durante a participação no programa.
“As pessoas vem e ficam esperando quando não estou. Um dia desses, tinha um casal de senhores tomando um vinho, e a menina do caixa me avisou que eles tinham vindo pra me conhecer e estavam me esperando. Aí fui lá, fui conversar com eles. É muito bom ser reconhecido por algo que eu sei fazer”, afirma, dizendo que quer ser reconhecido como cozinheiro. “Aqui eu não cozinho e as pessoas me cobram demais isso. Eu ainda fico me auto sabotando, mas estou analisando e vou tirar um dia pra cozinhar. Provavelmente será uma feijoada em dia de domingo”. (Ana Mangas)