A Polícia Militar do Pará tem utilizado, há um ano, o georreferenciamento em banco de dados e meios de comunicação direta com a população no combate a crimes na zona rural.
O serviço é feito por meio de um cadastro, seguido de emplacamento de áreas que passam a ser monitoradas, em que o cidadão pode acionar a polícia em caso de crimes a fim de ter uma resposta mais ágil, já que a localidade estaria georreferenciada pela polícia.
A ação é prestada pelo Batalhão Rural, criado pelo governo do Estado, cujo projeto de lei foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) para implantação de bases nos municípios de Marabá e Castanhal.
Leia mais:O primeiro foi instalado há exatamente um ano em Marabá, atendendo 39 municípios do sul e sudeste do estado. São 297.367 quilômetros para monitoramento e ações ostensivas. Um outro batalhão deste mesmo modelo foi implantado em abril deste ano em Castanhal, na região nordeste.
Em Marabá, a unidade é comandada pelo Tenente Coronel Hélio Oeiras Formigosa. Ele explica que essa modalidade de policiamento já é desenvolvida em estados como Goiás e Mato Grosso, que assim como o Pará também possuem grandes áreas de produção rural.
A polícia ainda cria grupo em aplicativo de mensagens instantâneas em que o cidadão pode ter um canal direto com a Polícia. O número disponibilizado na região do 1º Batalhão é o (94) 98427-7404.
Como funciona o cadastro das propriedades
De acordo com o tenente coronel Oeiras, são mais de 800 pequenas e médias propriedades já cadastradas pelo batalhão na região. A proposta com a presença da polícia nestas áreas, segundo ele, é combater o cenário de subnotificação de crimes na zona rural e a escassez do policiamento em áreas que são, muitas vezes, refúgio para criminosos e fugitivos da justiça.
“Esse emplacamento é feito pelo batalhão rural para dar suporte ao policiamento ostensivo nas áreas da zona rural. Mais recentemente estivemos em Piçarra, onde foram entregues as placas e as numerações de cada propriedade cadastrada. Essas informações vão ao mesmo tempo para o nosso banco de dados”.
O comandante Oeiras explica que, como na zona rural o acesso é dificultado pelas várias vicinais em áreas muitos extensas, “a polícia primeiro faz o trabalho de cadastro indo até o cidadão que solicita o serviço, informando nome da propriedade, o tipo de trabalho realizado, e a partir desse cadastro é criado um número em que constam as informações dessa propriedade facilitando a ação da polícia em caso de acionamento”.
“Com essa tecnologia até mesmo uma viatura que nunca passou na propriedade consegue fazer o atendimento mais ágil”.
Além do monitoramento, o comandante informou que o batalhão também faz visitas técnicas às comunidades rurais, rondas, orientações preventivas contra roubos de gado, de máquinas pesadas, e de insumos.
Na região, foram entregues os emplacamentos em 16 municípios: Marabá, Itupiranga, Novo Repartimento, Tucuruí, Goianésia, Jacundá, Nova Ipixuna, Bom Jesus do Tocantins, Abel Figueiredo, Rondon do Pará, São João do Araguaia, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, Piçarra, Eldorado dos Carajás. Já estão previstas ações em Xinguara e Canaã dos Carajás, segundo Oeiras.
“Não é realizado apenas o policiamento ostensivo na zona rural, também atuamos desde que solicitados dando apoio à Delegacia De Conflitos Agrários, à Operação Curupira no combate aos crimes ambientais, e outros”.
Entre as ações realizadas estão ocorrências envolvendo carro-forte de empresa de transporte de valores; recuperação de veículos roubados; operações de reintegração de posse; apreensões e prisões. O balanço das atividades durante o ano ainda não foi divulgado.
Como acionar o Batalhão Rural
Em Piçarra, distante 194,4 quilômetros de Marabá, os cadastros junto ao Batalhão Rural foram feitos em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais (Sipropi).
O processo foi feito durante o mês de junho, em que o sindicato atuou na mobilização das comunidades e proprietários rurais, realizando o pré-cadastro.
Alyne Santos, secretária do sindicato, explica, que os dados são previamente organizados até a chegada da equipe do Batalhão. “O sindicato dá suporte, acompanha a ida nas propriedades, faz todo o levantamento necessário, e também conversa com o produtor, explica sobre como funciona”.
“A ideia é ofertar maior segurança ao homem do campo, que é muito vulnerável à criminalidade, muitos criminosos se acham no direito de se esconder nas propriedades rurais, também há a questão dos roubos, assaltos à mão armada, invasões, tudo isso está sendo combatido com essa ação”, ela explica.
O sindicato de Piçarra disponibilizou o contato (94) 99138-3044 para interessados em cadastrar propriedades do município no sistema da PM.
Como prevenir crimes no campo
O comandante Oeiras dá orientações para prevenção de crimes na zona rural, são elas:
- pesquisar antes de contratar funcionários;
- evitar comentar sobre grandes vendas;
- participar de associações de produtores rurais;
- comunicar à patrulha rural em caso de pessoas suspeitas rondando a propriedade;
- não efetuar grandes pagamentos de funcionários em dinheiro;
- acionar a polícia e registrar boletim de ocorrência em casos de crimes.
(Fonte:G1)