Correio de Carajás

Pesquisa da USP encontra hormônio capaz de reverter danos da obesidade

Pesquisa da USP apontou que hormônio liberado pelo tecido adiposo regula secreção de insulina. Achado pode servir para novos tratamentos

Anchalee Phanmaha

Professoras de química da USP identificaram uma capacidade dupla de um hormônio secretado pelas células do tecido adiposo. A adiponectina consegue tanto garantir a produção de insulina como também reverter danos provocados nas células pela obesidade.

Publicada na revista Aging Cell em abril, a pesquisa mostrou que o hormônio é capaz de proteger as células beta, que ficam no pâncreas e têm a função de produzir insulina. A diabetes ocorre quando há disfunções na produção de insulina, o que resulta em níveis elevados de açúcar no sangue.

Embora a adiponectina esteja presente no tecido adiposo, ela não é estimulada pelo acúmulo de gordura. Ao contrário, sua produção costuma cair em pessoas obesas. A pesquisa mostrou justamente os baixos níveis deste hormônio em pessoas obesas e os benefícios encontrados quando ele era aplicado laboratorialmente nelas.

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“Pela primeira vez, foi possível observar que níveis aumentados de adiponectina são responsáveis por preservar a função das células beta. Em obesos, o hormônio conseguiu reverter 100% dos danos a estas células, um dos efeitos científicos mais marcantes que já observei”, afirmou a professora do Departamento de Bioquímica do IQ-USP e coordenadora do estudo, Alicia Kowaltowski, ao site da Fapesp.

Os investigadores já haviam demonstrado a importância da adiponectina em um estudo anterior com ratos, mas puderam confirmar os achados em humanos, comparando os resultados de homens e mulheres obesos e magros. Com melhores níveis do hormônio no corpo, houve melhor distribuição do oxigênio, melhor capacidade muscular e melhor controle do açúcar no sangue.

“Conseguimos demonstrar que mulheres magras induzem uma resposta muito boa no que se refere à respiração das células e à secreção da insulina e vimos que a situação ia se deteriorando em mulheres obesas, homens magros e homens obesos, nessa ordem”, relata a primeira autora do artigo e pós-doutoranda no IQ-USP, Ana Cláudia Munhoz.

O futuro da investigação

Por ora, não existe nenhum tratamento capaz de aumentar a adiponectina no sangue, a não ser emagrecer. De acordo com os investigadores, os achados da pesquisa são importante para o desenvolvimento de novos tratamentos contra a obesidade

“É importante lembrar que nenhum produto eventualmente criado com essa finalidade tem respaldo científico no momento e que ainda não está disponível para comercialização”, alerta Ana Cláudia.

(Fonte: Metrópoles)