Correio de Carajás

Conhecida como caloteira em Marabá, Buritirama ignora o Águia e patrocina o Remo

Enquanto isso, o Azulão corre atrás de recursos para construção de seu Centro de Treinamento

A fama de caloteira da Cfem (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) da Mineração Buritirama já é grande em Marabá. A empresa acumula dívida que beira os R$ 100 milhões com esse imposto, dos quais 65% deveriam ser repassados ao município.
Além disso, a Buritirama não cumpriu um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) assinado com o Ministério Público Estadual e com a Prefeitura de Marabá, para construção de um CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), entre outras demandas apresentadas.

Nesta quarta-feira, 21, para surpresa de todos, Gustavo Fonseca, membro do Conselho de Administração da Buritirama, apareceu em uma live no Instagram do Clube do Remo, anunciando investimento no Centro de Treinamento do clube da Capital.

Em outras palavras, o Remo vendeu as chamadas naming rights do Centro de Treinamento para a mineradora. Com isso, o campo vai ganhar o nome de CT do Rei Buritirama.

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Nesta quinta-feira, em Marabá, esse tem sido um dos assuntos mais comentados entre políticos e amantes do futebol. Para José Costa Andrade, empresário do setor atacadista, a atitude da Buritirama soa como um desprezo e desdém em relação ao Águia, que é o atual campeão paraense e está correndo atrás de patrocínio para construção de um Centro de Treinamento. “Como uma empresa que explora minério neste município, não paga impostos, não tem nenhum tipo de relação com as instituições da cidade, vai patrocinar outro time do mesmo estado?”, questiona.

Ouvida ainda há pouco pela Reportagem do CORREIO, o presidente da Câmara Municipal de Marabá, Alecio Stringari, que é morador da zona rural, disse que a Buritirama passou três anos em silêncio com a comunidade, sem apoiar projetos e sem cumprir o TAC com o MPPA e Prefeitura de Marabá. “Além da dívida da Cfem, que está gigantesca”, sustentou.

Por sua vez, o vice-presidente do Águia de Marabá, vereador Pedrinho Corrêa, informou ao CORREIO que em 2021 a empresa chegou a ajudar o Azulão, mas em 2022 alegou que não poderia ajudar por problemas financeiros, prometendo voltar em 2023, o que ainda não aconteceu. “Assim que saiu essa notícia, ontem, de apoio para o Clube do Remo, ligamos para o representante da Buritirama em Marabá e ele disse que também estava surpresa com esse anúncio”, disse Pedrinho.

Além da live, o presidente do Remo, Fábio Bentes, divulgou nota oficial sobre a parceria: “É com alegria que o Rei da Amazônia anuncia parceria com a Buritirama, empresa que está presente em cinco estados brasileiros. O Clube entende que a empresa compartilha de valores fundamentais para uma empresa no Norte do país, como uma política ambiental pautada pela filosofia do desenvolvimento sustentável e com compromisso com o Pará e a Amazônia”.

A Reportagem do CORREIO pediu explicações à empresa sobre o assunto, por meio de e-mail, mas até a publicação desta notícia não recebeu retorno.