Correio de Carajás

Óleos essenciais podem causar intoxicações; entenda para que servem

Esse tipo de substância é considerado um cosmético pela Anvisa e não deve ser usado sem orientação, especialmente por gestantes, idosos, crianças e pessoas com epilepsia.

Desde 2018, a aromaterapia é considerada pelo SUS como uma prática integrativa. — Foto: Reprodução/Pexels

A ideia propagada de que óleos essenciais, produzidos a partir de plantas e flores, não têm efeitos colaterais por serem algo natural é apenas uma meia verdade.

🚨 A aromaterapia é uma prática terapêutica que busca o bem-estar do corpo e da mente, ajudando no tratamento de dores físicas e em questões emocionais, como ansiedade. Os óleos podem beneficiar algumas pessoas, mas não devem ser utilizados sem orientação e muito menos ingeridos.

😵 Isso porque podem causar intoxicações e queimaduras e ter até efeitos colaterais graves, especialmente em idosos, gestantes e crianças. O alerta vem de especialistas ouvidos pelo g1.

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📝Contexto: Consumidores têm sido cada vez mais induzidos por anúncios na internet a usar altas doses de óleos essenciais. O estímulo também vem de influenciadores digitais que atuam como representantes de fabricantes e estão de olho em suas metas de venda.

Eles chegam a recomendar o óleo essencial em diversas situações, o que pode levar a um consumo excessivo e, muitas vezes, inapropriado – já que vários deles sugerem colocá-lo na bebida ou comida. Prova disso é que o frasco, que, na verdade, poderia durar anos se fosse usado aos poucos já que o produto é concentrado – acaba muito antes.

Você tomaria a cartela inteira de remédio? Então, também não é para exagerar com os óleos. As pessoas vão muito na linha de que o natural é mais seguro e não é bem assim.
— Nat Silvestre, aromaterapeuta formada pela Aromaflora (Associação Brasileira de Estudos em Pesquisas em Aromaterapia)
Cosméticos

 

No Brasil, os óleos essenciais são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como cosméticos.

Por essa razão, a venda está disponível para qualquer tipo de pessoa, o que não é necessariamente ruim, mas permite o uso indiscriminado sem que o consumidor conheça todos os riscos.

“Sem orientação de quem entenda, não é bom ficar testando. Se quer usar e te faz bem, é melhor ter essa consultoria”, ressalta Laura Marise, farmacêutica doutora em biociências e biotecnologia.

 

A seguir, veja as respostas para as seguintes perguntas:

  1. Como funciona a aromaterapia?
  2. É seguro usar óleo essencial?
  3. Óleos essenciais podem ser ingeridos?
  4. Quais os efeitos colaterais?
  5. Existe um limite de uso?
  6. Para quem é contraindicado?
  7. Quais os óleos essenciais que oferecem mais riscos para a saúde?
  8. Como fazer o descarte correto das embalagens?

 

1- Como funciona a aromaterapia?

 

A aromaterapia não é uma profissão regulamentada, mas é considerada desde 2018 pelo SUS uma prática integrativa. Ou seja, é uma terapia complementar aos tratamentos tradicionais fornecidos pela medicina.

“Os óleos podem, sim, ser ferramentas de apoio maravilhosas, mas não são substitutos”, ressalta Nat Silvestre.

 

Para dores físicas, como uma inflamação muscular, a aromaterapeuta diz que aplicação deve ser feita na pele, fazendo uso do óleo diluído. “Assim, ele agirá agindo localmente, penetrando por meio dos vasos capilares na corrente sanguínea”, explica.

Para questões emocionais, como ansiedade, a inalação, seja por difusores no ambiente, bastões ou difusores pessoais, é mais efetiva. “As moléculas dos óleos entram e ativam impulsos nervosos no cérebro”, diz.

Nestes casos, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Isso porque os óleos que geram emoções de calma e bem-estar variam muito de pessoa para pessoa, uma vez que estão associados a histórias individuais e vivências. Por exemplo, um óleo de laranja doce pode remeter à infância, quando a avó fazia bolo.

2 – É seguro usar óleo essencial?

 

  • Sim, para o uso inalatório (cheirar ou usar em difusor pessoal) e o tópico (passar na pele), mas desde que o óleo seja aplicado seguindo orientação de um profissional.
  • Não é seguro ingerir ou pingar óleo essencial na comida ou bebida em nenhuma circunstância.

 

Mas atenção! Eles também podem causar intoxicação mesmo quando usados nas vias consideradas seguras, como no contato com a pele e inalação.

“Tudo depende do óleo, da concentração e da sensibilidade da pessoa”, diz a aromaterapeuta Nat Silvestre.

Consulte sempre um profissional antes de começar a fazer uso de óleos essenciais. — Foto: Reprodução/Pexels
Consulte sempre um profissional antes de começar a fazer uso de óleos essenciais. — Foto: Reprodução/Pexels

3 – Óleos essenciais podem ser ingeridos?

 

Não! A orientação das especialistas é clara: nenhum óleo essencial deve ser tomado ou ingerido – em nenhuma quantidade.

De acordo com a aromaterapeuta Nat Silvestre, há quem coloque óleo na água para “saborizá-la”, mas, dependendo do tipo, como os mais cítricos, pode até queimar a mucosa bucal e do trato digestório.

Ingerir é a via mais perigosa porque a absorção no organismo é muito mais intensa do que pela pele.
— Laura Marise, farmacêutica doutora em biociências e biotecnologia.
4 – Óleo essencial pode ter efeitos colaterais? Quais?

 

Sim. Vai depender da sensibilidade da pessoa, do tipo de óleo e da quantidade.

Entre os sintomas de intoxicação estão: enjoo, náusea, vontade de vomitar, dor de cabeça, diarreia, coceira, queimação na garganta e muitos espirros.

Dependendo do óleo, o efeito colateral pode ser mais intenso, como no caso da cânfora, que, por ser um elemento mais pesado, exige mais cautela no uso.

“É uma molécula de cetona, que é neurotóxica. Isso gera vários processos alérgicos e também tem risco de causar espasmos reativos dos brônquios”, explica a aromaterapeuta Nat Silvestre.

🚨 Se tiver qualquer um desses sintomas, interrompa imediatamente o uso e procure orientação médica.

5 – Qual é a quantidade ideal?

 

  • Uso tópico: Por serem bastante concentrados, o ideal é diluir os óleos essenciais em outro tipo de óleo (de coco ou de amêndoas, por exemplo) antes de aplicá-lo na pele.
  • Uso em difusor pessoal ou em bastões: Basta pingar duas ou três gotas porque a substância é bastante concentrada.
  • Uso em difusor de ambiente: A quantidade a ser usada vai variar conforme o tamanho e o tipo do difusor. Siga as instruções do fabricante. Além disso, é importante ter certeza de todas as pessoas que circulam naquele ambiente não têm alergia a óleo essencial.

 

Para passar na pele, o ideal é diluir o óleo essencial em óleo vegetal, como de coco ou amêndoas. — Foto: Reprodução/Pexels
Para passar na pele, o ideal é diluir o óleo essencial em óleo vegetal, como de coco ou amêndoas. — Foto: Reprodução/Pexels
6 – Para quem é contraindicado?

 

O uso de óleos essenciais é contraindicado para crianças, gestantes, idosos, pessoas que tomam medicações via oral de uso contínuo, pessoas hipertensas ou com epilepsia.

7 – Quais os óleos essenciais com mais riscos para a saúde?

 

  • Cânfora, gaultéria (winter green), canela, cravo, tomilho, orégano e tuia podem causar irritação no trato respiratório, náuseas e vertigens.
  • Jasmim, capim-limão, bergamota e camomila estão entre os que mais causam alergias.

 

Quando indicados, são para uso a curto prazo. Não é um óleo que se coloca no difusor todo dia para aromatizar a casa.
— Nat Silvestre, aromaterapeuta.

Atenção: óleos cítricos, como limão e laranja, são fotótoxicos, ou seja, em interação com a luz do sol podem causar queimaduras e manchas na pele.

Portanto, não é uma boa ideia passar na mão para inalar ou misturar em um creme e se expor ao sol.

8 – Como fazer o descarte do frasco de óleo essencial?

 

O descarte não pode ser feito de qualquer forma. Os óleos são inflamáveis, em especial os que contêm melaleuca, cravo, eucalipto, hortelã-pimenta, lavanda e limão.

Para reciclar, é preciso lavar bem a embalagem antes. No entanto, os frascos são vedados e nem sempre é possível abri-los.

O ideal é entrar em contato com a empresa para saber se há mecanismos de logística reversa, que é um conjunto de ações para possibilitar que o consumidor devolva a embalagem. Às vezes, isso é feito por meio de postos de coletas.

(Fonte:G1)