Para nós, “se fingir de morto” no ditado popular significa, principalmente, aquela pessoa dissimulada ou que se faz de desentendida para fugir de alguma situação.
No reino animal, essa estratégia é levada um pouco mais a sério. Nesta semana, um esquilo viralizou nas redes sociais pela tentativa de se fingir de morto após perceber a presença humana dentro de uma casa.
No caso do animal, a “atuação” atrapalhada não deu tão certo quanto ele imaginava. O pequeno esquilo se contorceu, se arrastou e até “fingiu” ter sido atingido por uma vassoura – tentativas que não convenceram ninguém.
Leia mais:Apesar da cena engraçada, o ato de se fingir de morto é uma estratégia utilizada por diversas espécies para fugir de predadores. A técnica, chamada de tanatose, muitas vezes é a última chance de sobrevivência de muitos animais.
O que é a tanatose
Em entrevista à CNN, o biólogo Vitor Filiputti explica como é realizado o mecanismo e a importância dele para a sobrevivência do animal.
“A tanatose é, inicialmente, um recurso usado para fugir de predadores. Inclusive, a técnica também é chamada de imobilidade tônica porque ela resulta em uma rigidez da musculatura para deixar o fingimento mais real”, afirma o biólogo.
A estratégia muitas vezes dá certo porque predadores não costumam se alimentar de presas já mortas – principalmente por achar que elas podem ter falecido por alguma doença.
Segundo o biólogo, existem dois modelos de tanatose: o pré e o pós-contato.
“A tanatose pré-contato acontece quando a presa percebe a aproximação de alguma ameaça e se prepara antes do ataque, já se mostrando morta para o predador desistir. Já o pós-contato acontece quando o predador consegue capturar a presa e, antes de ser realmente morto, o animal simula a morte para que não acabe sendo devorado”, explica Vitor.
O profissional explica que o fingimento pode ser tão bem-feito que algumas espécies alteram até o metabolismo.
“Algumas funções corporais do indivíduo, como batimento cardíaco, por exemplo, reduzem de maneira natural. É uma reação natural do corpo, o batimento cardíaco, inclusive, cai até ficar próximo de zero”, afirma.
Entre os animais que contam com a tanatose, entre os principais estão os gambás, porquinhos-da-índia, algumas espécies de coelhos e até peixes.
Além da busca pela sobrevivência
Os animais não se fingem de mortos apenas para escapar de um possível predador, mas também para alimentação e até reprodução.
O biólogo dá alguns exemplos. “As aranhas de jardim têm uma estratégia muito legal para se reproduzirem. Os machos da espécie juntam uma grande quantidade de alimento para atrair a fêmea e, quando ela chega perto, ele se finge de morto. Enquanto ela está focada em se alimentar, o macho “acorda” e promove o acasalamento.”
Além dessa estratégia para o acasalamento, também existe uma técnica de tanatose para fugir da reprodução, como explica Vitor.
“Existem libélulas que em período de acasalamento, liberam feromônios que atraem uma grande quantidade de machos. A fêmea, muitas vezes acaba ficando cansada durante o processo, então ela se enrijece e se finge de morta para espantar os machos”, afirma.
Último recurso
Apesar de ser uma técnica muitas vezes efetiva, o biólogo ressalta que ela é utilizada como a última chance de sobreviver.
“A tanatose, para a maioria das espécies, é considerada como último recurso. Então não é algo que a espécie faz constantemente. Ela vai se utilizar do recurso naquele momento que ela pensa: ‘olha, eu não tenho mais como fugir”.
(Fonte: CNN Brasil)