Foi realizada em Marabá, pela primeira vez no Estado do Pará, uma simulação de alta complexidade, com intuito de preparar as forças de segurança para uma resposta rápida e aceitável frente a possíveis ataques realizados por grupos criminosos, denominados de “Novo Cangaço”. A atividade que teve início no final da tarde de terça-feira, 6, encerrou na madrugada de quarta, 7, em torno de 2h30. A reportagem do Correio de Carajás acompanhou, com exclusividade, cada etapa da simulação.
Dayvid Sarah Lima, comandante do 2º Comando de Policiamento Regional (CPR-II), ressalta a importância do trabalho técnico envolvido na operação, resultando em um treinamento próximo da realidade, visando garantir cada vez mais segurança, além de agir de forma preventiva, não só com ações operacionais, mas também de inteligência.
A primeira e a segunda etapa da simulação foram realizadas de maneira quase simultânea. Na primeira ação, foi feito o ataque ao 34º Batalhão da Polícia Militar (34ºBPM) e barricadas foram criadas para impedir, ou dificultar, que os policiais saíssem do prédio. Em paralelo, às margens da ponte sobre o Rio Itacaiunas (lado do núcleo Cidade Nova), foi ateado fogo em um carro e houve bloqueio da via. Situação semelhante à que ocorreu em 2016, no assalto à Prosegur. Neste momento, foram aplicadas técnicas necessárias para transpor o bloqueio da ponte.
Leia mais:Para a reportagem do Correio de Carajás, o coronel Dayvid Sarah detalha que nesse tipo de situação, a tropa precisa estar preparada para reagir e os policiais posicionados em locais estratégicos. A ação foi realista, fator que elevou a adrenalina dos envolvidos, além de ter um alto nível de tensão. “O policial militar é treinado para isso, resistir à tensão e à fadiga”, frisa o comandante.
Durante toda a missão, ele esteve em contato com superiores, em Belém, para entre outras coisas, pedir o apoio especializado do Comando Geral da PM. Na oportunidade também foi simulado o tempo de deslocamento das tropas de reforço, para atuarem de forma especifica na situação.
Na sequência, a terceira fase da encenação foi levada para a base da instituição de valores, no Bairro Liberdade, onde o assalto foi simulado. Quem representou os bandidos foram alunos do curso de força tarefa tática de Marabá, sob o olhar atento dos policiais dos batalhões e destacamentos, além da reportagem do Correio de Carajás, que acompanhou toda a ação com exclusividade. Esta etapa da simulação envolveu cordão de isolamento humano, fuzis com munição de festim e a atuação dos vigilantes da própria empresa, a Prosegur.
A quarta parte aconteceu na Rodovia Transamazônica (BR-230), entrada da Estrada do Rio Preto, dessa vez simulando a fuga dos bandidos. Foram aplicadas técnicas de interceptação, considerando diversos cenários e envolvendo diferentes forças de segurança, inclusive do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), que é fundamental para a logística de buscas, tanto noturna, quanto diurna. Neste momento também entrou em ação um cão farejador vindo diretamente de Belém, com a função de realizar buscas e localização em área de mata.
O efetivo policial escalado para a simulação contou com mais de 120 militares, sendo eles do Departamento Geral de Operações (DGO), Comando de Policiamento Regional II (CPR II), 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), 34º Batalhão da Polícia Militar (34º BPM), 1º Batalhão de Missões Especiais (1º BME), Comando de Missões Especiais (CME), Batalhão de Operações de Polícias Especiais (BOPE), Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (ROTAM), Batalhão de Polícia Rodoviária (BPR).
Repercussão em Marabá
Esse tipo de situação que foi simulada pela Polícia Militar já ocorreu em Marabá. No dia 5 de setembro de 2016, criminosos invadiram a sede da Prosegur, no Novo Horizonte. A quadrilha destruiu o prédio da empresa e roubou algo em torno de R$ 17 milhões dos cofres. Para garantir êxito na ação delituosa, os foras da lei atravessaram e incendiaram um caminhão na ponte do Rio Itacaiunas, impedindo a chegada de reforço policial ao Núcleo Cidade Nova.
Aquele episódio serviu de marco para que a Polícia Militar reforçasse o treinamento para enfrentar esse tipo de situação em Marabá e região. Além disso, o mega assalto, de repercussão nacional, também ensejou a criação do 34º Batalhão de Polícia Militar, instalado justamente no Núcleo Cidade Nova, pois ficou claro que a ponte era um gargalo, já que havia apenas um batalhão de polícia do outro lado do rio e se fazia necessária outra unidade para agir prontamente em casos de grande monta. (Josseli Carvalho e Luciana Araújo)