Richard Ostfeld possui uma característica notável: quando carrapatos o picam, eles morrem. Não é porque ele simplesmente os mata, mas porque seu sistema imunológico ataca assim que sente a presença deles.
Richard Ostfeld é doutor em ecologia. Isso significa que ele frequentemente percorre territórios infestados de carrapatos devido ao seu trabalho. Ao longo dos anos, centenas de carrapatos o morderam. Essas mordidas treinaram seu sistema imunológico para reconhecer e atacar certas proteínas na saliva do carrapato.
Quando um carrapato começa a sugar sangue, células brancas do sangue correm para o local e liberam uma substância química inflamatória chamada histamina. Os pesquisadores ainda não têm certeza de como a histamina mata os carrapatos, mas ela faz o trabalho rapidamente.
Leia mais:A imunidade de Ostfeld aos carrapatos não apenas protege seu sangue, mas também o protege de doenças transmitidas por carrapatos, como a febre maculosa, a doença de Lyme ou a babesiose, que podem danificar órgãos e causar incapacidade a longo prazo.
Ostfeld é um dos raros indivíduos que desenvolveu resistência adquirida a carrapatos (ATR, na sigla em inglês). ATR é uma resposta imunológica que algumas pessoas e animais desenvolvem naturalmente ao encontrar carrapatos em suas vidas.
Os cientistas também induziram ATR alimentando carrapatos em animais como gado, ratos e porquinhos-da-índia até que seus sistemas imunológicos gradualmente aprenderam a matar os carrapatos.
A resistência adquirida a carrapatos pode ser a chave para combater a crescente incidência de doenças transmitidas por carrapatos. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde relatam que, de 2007 a 2021, foram notificados 36.497 casos de febre maculosa no Brasil.
Ostfeld acredita que a resistência adquirida a carrapatos é uma direção promissora para a pesquisa. “Na minha opinião, uma direção muito promissora é desenvolver uma vacina contra os próprios carrapatos, contra a escolha certa de proteínas e antígenos na saliva dos carrapatos”, disse ele ao Business Insider.
No futuro, é possível que a ciência consiga desenvolver tecnologias e tratamentos para ajudar mais pessoas a terem a mesma habilidade de Ostfeld no combate a esses parasitas. Seria uma grande conquista para a saúde pública e um passo importante na prevenção de doenças transmitidas por carrapatos.
(Fonte: Metrópoles)