A Polícia Federal de Altamira apreendeu três aeronaves e prendeu duas pessoas durante a operação Baú, que nesta terça-feira (30) na Terra Indígena do Baú, no sul do Pará. A ação é feita em conjunto com o Ibama, Ministério Público Federal, Funai, Anac e ICMBio, com objetivo de reprimir a extração ilegal de ouro. O alvo é desmobilizar garimpos ilegais e inutilizar balsas no Rio Curuá, área do município de Altamira.
Em um dos mandados de busca e apreensão foi preso um cacique Kayapó, por posse ilegal de uma espingarda de calibre 12 e de uma pistola. No local também foi apreendido um cano de espingarda acoplado a uma mira telescópica. Em uma fazenda, local de outro mandado, o gerente do local também foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, um rifle de calibre 22.
Duas aeronaves foram apreendidas no Aeroporto de Novo Progresso (PA) e a outra na cidade de Poconé (MT).
Leia mais:Mais de 50 servidores públicos participam da operação Baú, para cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão domiciliar – três deles contra indígenas. Além disso, é feita a apreensão de veículos e maquinários usados no crime.
A investigação apura crimes de usurpação de patrimônio da União, extração de recursos minerais sem autorização legal e associação criminosa, que são objetos de inquérito policial na Delegacia de Polícia Federal em Altamira. Já foram ouvidos 56 garimpeiros atuantes na TI Baú, o que permitiu informações para se deflagrar a atual operação.
Além de problemas ambientais e econômicos, a existência de garimpo ilegal na TI Baú gera conflitos não só entre Kayapós e garimpeiros, mas também entre os próprios indígenas, pois alguns deles foram cooptados a trabalhar em prol do garimpo, inclusive com função de liderança.
Em agosto de 2022, um grupo de cerca de 40 garimpeiros foi rendido e mantido sobre vigilância pelos indígenas da TI Baú, enquanto realizavam a extração ilegal de ouro no Garimpo Pista Nova. O clima de tensão gera, inclusive, risco de morte.
As investigações apontam que alguns indígenas são líderes nos garimpos ilegais, recebendo valores mensais para permitirem a atividade ilícita no interior da área protegida, embora a grande maioria dos Kayapós seja contrário as atividades ilegais nas terras indígenas. (Ascom/PF)