Axel Lopes foi, disparado, o melhor jogador do Águia na temporada 2023. Mas na grande final, contra o Clube do Remo, pelo protagonismo e relevância dos dois gols que marcou – um de bicicleta e outro de pênalti – o zagueiro Betão, que também é capitão da equipe, mereceu o título de melhor do jogo e de herói do time.
Por causa do que fez em campo, Betão passou as 24 horas seguintes sendo tietado por torcedores como nunca acontecera em sua carreira de oito anos como jogador profissional. Em Belém, e depois na chegada a Marabá, o Xerife, como também é chamado no grupo, atendeu com paciência adultos, jovens e crianças que lhe pediam uma selfie.
Abaixo, confira um bate papo do jornalista Ulisses Pompeu com Alberto dos Santos Dias, o Betão, durante as comemorações do título, na Praça São Félix de Valois, na noite de sábado:
Leia mais:CORREIO – Não é comum um zagueiro fazer um gol de bicicleta como a pintura da grande final. Já tinha feito um em alguma outra ocasião?
BETÃO – Não tinha feito e realmente não é comum mesmo um zagueiro marcar gol com aquela plasticidade. Também não me lembro de ver outro zagueiro fazendo, mas acredito que tudo acontece como Deus quer. Ele está à frente de tudo. Eu treinei bastante durante a semana com bola parada para fazer um gol de cabeça, e infelizmente não aconteceu porque Deus me abençoou de uma forma totalmente diferente que não havia treinado. Tenho certeza que esse gol vai ficar eternizado na minha memória e na do torcedor marabaense, assim como na minha história como jogador.
CORREIO – Como sua vida mudou diante o assédio dos torcedores em Belém, em Marabá, desde então?
BETÃO – Eu nunca vivi um momento como esse (risos). A gente vê isso em clube grande, de Série A e B. Nunca se passou nem pelos meus sonhos que eu viria fazer um gol de bicicleta, garantindo um título para um clube do tamanho do Águia de Marabá e, depois, vivenciar os torcedores pedindo foto. Fico até com vergonha, porque não estou acostumado, mas precisamos nos adaptar, porque o torcedor merece.
CORREIO – Após a conquista do campeonato e até mesmo uma atuação invejável como a da final, você já passou a ser sondado por outros clubes?
BETÃO – Nada concreto, mas deixo nas mãos de Deus, se tiver que acontecer, será. Estou focado no acesso para a Série C neste momento. Eu não tenho empresário, eu mesmo cuido de minha carreira e estou tranquilo em relação ao futuro, porque coloco nas mãos de Deus.
CORREIO – De que cidade você é e como acabou vindo parar em Marabá?
BETÃO – Eu sou da cidade de Aliança, em Pernambuco. Em 2015 fui jogar profissionalmente no Campeonato Pernambucano, pelo Pesqueira, clube da cidade onde conheceu minha esposa, Larissa Campos, com quem tive uma filha, a Valentina. Minha esposa veio para cá passar um mês comigo. Infelizmente ela não pode passar mais tempo porque meus filhos estão em Pesqueira, mas foi importante a presença dela neste momento.
Já são sete anos morando em Pesqueira, embora dispute campeonatos em outros estados. Antes de vir para Marabá, eu jogava no Tocantinópolis-TO, mas fui convidado para vir ao Águia de Marabá. Estou radiante pelas conquistas e quero ser feliz aqui também.
CORREIO – Em várias ocasiões você faz referência a Deus na entrevista. E percebi que não está bebendo aqui na confraternização, como a maioria dos jogadores. É evangélico?
BETÃO – Sim, sou evangélico, temente a Deus. Com Ele tudo se torna mais fácil. Trilhando o caminho do bem, colhemos bons frutos. Sou muito grato a Ele pelas conquistas, não apenas pelo título estadual. Não bebo, mesmo, por questão de saúde e também por princípios.
CORREIO – O torcedor marabaense pode sonhar que o time ainda vai alcançar voos mais altos?
BETÃO – Com certeza, a nossa busca por conquistas maiores é enorme, não queremos parar no Parazão, a gente sonha primeiramente em nos classificar entre os quatro nessa primeira fase da Série D. O título será consequência do nosso sucesso. Mas, o nosso sonho principal é o acesso para a série C, para que o torcedor tenha um ano mágico.