Correio de Carajás

Assassinato na ferrovia está perto de ser esclarecido

Existem 23 filmagens e 7 volumes no inquérito policial que investiga o caso e indicam que homem pode ter sido torturado por vigilantes, antes de morrer

Reginaldo Oliveira foi morto com um tiro, mas pode ter sido torturado também/Foto: Divulgação

No último dia 14 completou um ano do assassinato do passarinheiro Reginaldo Pereira de Oliveira, na época com 46 anos. Ele foi morto com um tiro em uma das pernas, que atingiu e femural. O disparo foi dado por um segurança que trabalhava para uma contratada da mineradora Vale, o qual alegou que a vítima estaria furtando nas margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC), na altura do São Félix, em Marabá. Mas até hoje essa versão nunca foi comprovada. Pelo contrário, os elementos que compõem o inquérito policial incriminam mais ainda os vigilantes.

A reportagem deste CORREIO vem tentando contato com o Departamento de Homicídios da Polícia Civil e também com o advogado constituído pela família da vítima para acompanhar o caso, mas eles preferem não falar sobre o assunto ainda. por outro lado, a reportagem apurou que no último dia 9, os vigilantes envolvidos no caso, Jonathas de Oliveira Soares e Diogo da Silva Melo, simplesmente faltaram a uma audiência no Departamento de Homicídios. Mas isso não e tudo.

Os sete volumes, com nada menos de 23 imagens de vídeos, mostram possivelmente que Reginaldo, além de baleado por um tiro disparado por Jonathas, também teria sido torturado pelos vigilantes. Mas só quem pode confirmar oficialmente essa versão é a autoridade policial. Parte das imagens que possivelmente pode comprovar a tortura estaria na farda dos vigilantes.

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Versões

De acordo com a versão apresentada na época pelos vigilantes, Reginaldo, ao ser abordado, teria colocado a mão na cintura, dando a impressão de que teria uma arma, por isso foi baleado na perna direita e acabou morrendo com esse tiro. Outra pessoa que estava com ele teria fugido.

Acontece, porém, que Reginaldo não estava armado, além de ter uma deficiência justamente na perna baleada, o que o impedia até mesmo de andar direito. Além disso, ele era criador de passarinhos e, segundo os advogados da família, estaria justamente passarinhando no local. Ainda segundo disseram os advogados na época do crime, ele sequer teria forças para carregar ferragens.

Também pesa contra os vigilantes o fato de que o baleamento aconteceu por volta de meio-dia, mas a polícia só foi acionada depois das 16h. Durante esse tempo, ele agonizou baleado no matagal (ou pode ter passado por sessão de tortura). Reginaldo deixou oito filhos órfãos.

Posicionamentos

Na época do crime, a Segurpro, empresa à qual pertenciam os vigilantes, emitiu nota dizendo que colabora com a apuração dos fatos e reforçou que seus vigilantes são profissionais formados em escolas reconhecidas e controladas pela Polícia Federal, treinados especificamente para esse tipo de operação.

Na época, a Vale também se posicionou por meio de nota, informando que acionou, administrativamente, a empresa de segurança contratada para apuração rigorosa do fato e que atua conforme código de ética e conduta e política de direitos humanos, e que exige o mesmo de suas empresas contratadas.