Correio de Carajás

Haddad vira alvo dos rivais em debate presidencial

APARECIDA – Com a ausência de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, foi o alvo principal dos adversários durante o debate presidencialrealizado na noite desta quinta-feira, 20, pela TV Aparecida, na cidade do interior paulista. Estreante num encontro entre os presidenciáveis, Haddad foi questionado sobre denúncias de corrupção envolvendo petistas e a crise econômica originada no governo da presidente cassada Dilma Rousseff.

Haddad assumiu a candidatura presidencial do PT somente no dia 11 deste mês, em substituição a Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato e barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme as mais recentes pesquisas, ele está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás do líder Bolsonaro – o candidato do PSL permanece internado se recuperando de uma facada.

O debate desta quinta-feira, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Santuário Nacional de Aparecida, também foi marcado pelo primeiro confronto direto entre Haddad e o tucano Geraldo Alckmin. O petista questionou Alckmin sobre sua posição em relação à reforma trabalhista e a emenda do Teto dos Gastos, aprovada no governo Michel Temer, com apoio do PSDB.

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O ex-governador aproveitou a deixa para responsabilizar Dilma tanto pela crise econômica que gerou 13 milhões de desempregados quanto pelo fato de Temer ser o presidente. “Não precisaria a PEC do teto se não fosse o vale-tudo do PT que não tem limites para ganhar a eleição. São 13 milhões de desempregados, herança da Dilma e do PT. Quebraram o Brasil. O petrolão foi o maior escândalo do mundo”, disse Alckmin.

O petista disse que, se eleito, vai revogar a reforma trabalhista e o teto dos gastos e se defendeu citando mais uma vez a entrevista do ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati ao Estado. “Quem se uniu ao Temer para trair a Dilma foi o PSDB. Ele que colocou o Temer com um programa totalmente contrário ao que foi aprovado nas urnas. Tasso Jereissati assumiu que o PSDB sabotou o governo desde a reeleição”, disse Haddad.

Henrique Meirelles (MDB), em outro momento, também afirmou que a crise “criada pelo governo da Dilma foi construída pela aplicação do programa do PT”. “Estamos vivendo o momento em que o Brasil saiu do fundo do poço, mas ainda tem milhões de desempregados.”

Haddad retrucou lembrando que o emedebista foi durante oito anos presidente do Banco Central no governo Lula. “Considero a ingratidão um dos maiores pecados da política.”

‘Você, Haddad, vem para essa campanha como representante do caos’, diz Alvaro Dias

A mais enfática censura ao candidato do PT, contudo, partiu do presidenciável do PodemosAlvaro Dias. Em resposta a um questionamento do petista, Dias afirmou que o PT distribuiu a “pobreza para todos e a riqueza para alguns”. “Você, Haddad, vem para essa campanha como o porta-voz da tragédia, o representante do caos”, afirmou. “A família brasileira é vítima dessas desigualdades sociais.”

O petista citou o Bolsa Família. “É um conjunto enorme de programas que foram geridos que fortaleceram a família e você parece desconhecer. Você fica no Senado, no seu gabinete, e parece desconhecer a realidade.”

Ciro Gomes, do PDT, tratou Haddad como “amigo”, mas reservou críticas ao partido adversário. Ao falar sobre reforma tributária, disse que o PT esteve no poder por 14 anos, mas não promoveu a reforma. “O grande pacto do PT com PSDB nunca permitiu mudar o sistema.” Haddad respondeu que Lula “fez uma das maiores reformas tributárias às avessas do País”.

Ibope, em sua mais recente pesquisa, mediu as intenções de voto entre os católicos. Jair Bolsonaro lidera e, no dia 18, tinha 25%. Fernando Haddad estava com 21%, mas tinha 9% na pesquisa anterior. A transferência dos votos do ex-presidente Lula lhe deu 12 pontos entre os católicos. Ciro Gomes oscilou para cima, com 13% do eleitorado desta religião.

(ESTADÃO)