Uma idosa de 78 anos foi resgatada por Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de uma residência em Fortaleza após mais de 40 anos em situação análoga à escravidão. As informações foram divulgadas na manhã desta sexta-feira, 19, via comunicado para a imprensa.
A vítima, segundo o órgão, não recebia salário e não tinha registro profissional. Ela trabalhava de domingo a domingo em troca de comida e moradia.
Além disso, ela diz não se lembrar de sair para folgas. Esse é o primeiro resgate registrado em ambiente doméstico no Ceará.
Leia mais:“[Hoje] ela hoje se encontra em um abrigo, com todos os cuidados, acompanhamentos psicológicos e terapia. Só estamos aguardando a família [da vítima] para fazer a entrega dessa senhora”, diz Carlos Pimentel, superintendente regional do Trabalho no Ceará, à rádio O POVO CNB.
De acordo com o MTE, as vítimas geralmente são mulheres, com baixa escolaridade ou analfabetas, várias delas idosas. Normalmente as trabalhadoras também não têm acesso a estudo, a relacionamentos amorosos ou familiares fora daquele núcleo, segundo o órgão.
“O argumento é sempre dizendo que [a vítima] faz parte da família”, diz o superintendente. “Mas quando a gente vai ao local, percebemos que não tem nada disso. A condição de alojamento dela é completamente diferente da de membros da família. Ela faz todo o serviço de casa, não tem folgas.”
Família será autuada por manter idosa em trabalho doméstico análogo à escravidão
A família que manteve a idosa em situação de trabalho análogo à escravidão, segundo o superintendente regional do Trabalho no Ceará, vai ser autuada por não assinar a carteira da vítima, pelo não pagamento do salário e outros artigos oriundos da condição análoga à escravidão.
Depois disso, o Ministério Público (MP) entrará com as ações dos níveis penais competentes.
O resgate aconteceu durante uma operação do MTE, realizada ao longo desta semana, de combate ao trabalho análogo à escravidão de trabalhadoras domésticas na cidade de Fortaleza.
As ações foram realizadas com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia Federal (PF) e da Secretaria dos Direitos Humanos do Estado do Ceará.
(Fonte: O Povo)