Correio de Carajás

Embrapa quer fortalecer apicultura na região sudeste do Pará

“Temos especialistas em outras áreas que não são habituais da Embrapa, como sociólogo, economistas e antropólogos”, diz Walkymário Lemos

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) completa 50 anos em 2023. Ao longo dessas cinco décadas, a atuação do órgão virou referência na construção de tecnologias sustentáveis. Para Walkymário Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, a instituição fez uma verdadeira revolução na agropecuária nacional.

Com a sede em Belém e mais cinco Núcleos de Apoio a Pesquisa e Transferência de Tecnologias (NAPT), a Embrapa no Estado do Pará celebra o trabalho realizado e compromisso na transformação da riqueza biológica da Amazônia em riqueza econômica.

“Nesses 50 anos, a Embrapa passou pela domesticação de espécies animais e vegetais; tropicalização; domínio de áreas onde antes nada se produzia, como o cerrado; proposição de sistemas e bases sustentáveis; e hoje uma pegada muito forte é com o potencial da bioeconomia local, com foco em bioinsumos de uma agricultura tecnificada e interconectada”, explica Lemos.

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Na região sudeste do Pará, a Embrapa – que possui um escritório em Marabá há quase 20 anos – tem atuado nos modelos de pecuária sustentáveis e intensivos, que podem ser chamados de pecuária regenerativa, recuperação de áreas degradadas através de sistemas sustentáveis, como: o sistema agroflorestal e, por fim, algo que tem ganhado muita força em alguns municípios do sudeste paraense que é a apicultura e a meliponicultura.

Na região sudeste do Pará apicultura e a meliponicultura tem ganhado força, disse Walkymário/Foto: Embrapa

“Começamos a ter um olhar diferenciado, porque além da renda oriunda dos produtos da abelha, a gente tem apostado em algumas espécies sem ferrão como polinizadoras, principalmente do açaí. Queremos ter sistemas que são amigáveis e que ofertem outros serviços da polinização. No açaí, por exemplo, já temos informações que a abelha sem ferrão chega a aumentar 45% da produtividade do açaí”, conta o pesquisador, que esteve esta semana para entrevista na sede do Correio de Carajás.

A atuação da Embrapa na Amazônia possui uma diferenciação das outras unidades do restante do país. Segundo Walkymário, o trabalho é sustentado por três pilares: territorialidade, oferta de sistemas de bases sustentáveis e inclusão das populações.

Dentre as atividades da Embrapa é possível citar a pesquisa de solos, vegetação, estudos de zoneamento ecológico e econômico, estudos florestais e contribuição com políticas públicas.

“Na Embrapa Amazônia Oriental tivemos o lançamento importante do açaizeiro para terra firme. A ciência traz o açaí da área de várzea, melhora, busca materiais superiores e geneticamente adaptados para regiões que não sejam de várzeas, permitindo ser cultivado em um sistema completamente diferente. Essa é uma inovação genuinamente paraense. Estamos trabalhando fortemente com o potencial bioeconômico da nossa região para conseguir transformar essa mega riqueza biológica em uma riqueza econômica através da transformação e verticalização das cadeias. Que o açaí, por exemplo, não saia do Estado em forma de polpa ou extrato e, sim, com uma série de outros produtos. Então, o uso dessa riqueza biológica, transformada na região, gerando mais renda e incluindo nossas populações tem sido nosso foco de atuação da Embrapa”, detalha.

Por fim, o chefe-geral afirma que na Amazônia outra característica importante é da agricultura familiar. Que o modelo e suas práticas associadas tem sido uma pauta estratégica da pesquisa da empresa. “Na unidade Amazônia Oriental, temos especialistas em outras áreas que não são habituais da Embrapa, como sociólogo, economistas e antropólogos. Entendemos a importância de trabalhar toda a dinâmica da cadeia, desde a organização das comunidades envolvidas, passando pelas práticas agropecuárias, até a comercialização e acesso a políticas públicas”, finaliza. (Ana Mangas)