Correio de Carajás

Covid: por que o fim da emergência global não significa o fim da pandemia

O termo Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional é uma designação bastante importante para coordenar esforços de saúde pública internacionais.

Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS — Foto: DENIS BALIBOUSE / REUTERS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (5) que a Covid-19 não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), o mais alto título de alerta da organização, declarado para o surto do novo coronavírus no final de janeiro de 2020. A decisão não altera o título de pandemia de Covid, que só foi declarado meses mais tarde, em março do mesmo ano.

🚨 Mas por que o fim da emergência global não significa o fim da pandemia? A líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, explicou em um vídeo que, mesmo que a organização decretasse o fim da emergência este ano, o mundo ainda poderia ter que lidar por um bom tempo com a pandemia de Covid.

  • ESPII é um termo técnico que passa por diversos critérios até ser decretado. A designação é bastante importante para coordenação de esforços de saúde pública internacionais. É também o mais alto nível de alerta da OMS. Acabar com a emergência pode significar que a colaboração internacional ou os esforços de financiamento também serão encerrados ou mudarão de foco, embora muitos já tenham se adaptado à medida que a pandemia recuou em diferentes regiões.
  • Já o termo pandemia é diferente e faz referência a disseminação mundial de uma nova doença, quando vários continentes têm uma transmissão sustentada do surto. Para a OMS, a declaração de uma pandemia é uma caracterização ou descrição de uma situação.

 

“Ontem, o Comitê de Emergência se reuniu pela 15ª vez e me recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de importância internacional. Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro a Covid-19 como uma emergência de saúde global. No entanto, isso não significa que a Covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, a Covid ceifou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, durante o anúncio.

Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia, explicou em entrevista à GloboNews que, do ponto de vista prático, o decreto é apenas formal e não muda muita coisa. No entanto, ela espera que a decisão da OMS não afete medidas que facilitam o acesso aos insumos, vacinas e outros procedimentos, principalmente por países mais pobres.

“Espero que isso [o fim da emergência] não implique em uma dificuldade de acesso às vacinas e todos os procedimentos que são necessários. É preciso reconhecer que a transmissão epidêmica está controlada, com altas coberturas vacinais que conseguimos. Mas isso implica que medidas sanitárias, coletivas e individuais sejam mantidas”, explicou Dalcolmo.

Sobre termos uma nova emergência de saúde da Covid, Dalcolmo acha pouco provável, mas a probabilidade sempre existe. Ela alertou que precisamos estar preparados para outras epidemias. “A Covid não foi a última. Nós sabemos que temos pela frente a expectativa que possamos ter outras”.

No Brasil, o fim do estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) ocorreu em abril de 2022.

(Fonte:G1)