Em 1º de maio comemoramos o Dia Mundial do Trabalhador, uma homenagem justa que também é marcada pelo registro da luta pelos direitos, fato marcante que começou ainda no ano de 1886, nos Estados Unidos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE), cerca de 40 milhões de pessoas desenvolvem profissões alternativas e não possuem registro de carteira de trabalho.
Em Marabá, estima-se que cerca de 30 mil pessoas desenvolvem trabalhos informais (dados do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda). São feirantes, ambulantes, pasteleiros, confeiteiros, vendedores de cosméticos, entre outros, que tiram o sustento do trabalho nas ruas, sem um patrão.
O PF DE ANA PAULA
Leia mais:No vai e vem do dia a dia encontramos pessoas como Ana Paula, de 48 anos, que é cozinheira e trabalha fazendo o famoso prato feito (PF), muito conhecido Brasil afora. Há um ano sem trabalho, ela encontrou na comida uma maneira de sobreviver: “eu sempre cozinhei e as pessoas sempre gostaram, e olhando a cidade vi um movimento bom para montar meu negócio”.
Além de trabalhar, Ana Paula sente paixão pelo o que faz: “aqui é alegre, eu encontro muitas pessoas, é mais que um trabalho, é uma diversão”. Além disso ela conta que sente gratidão ao ouvir dos clientes o quanto sua comida é saborosa, e finaliza afirmando enfatizando sua veia empreendedora: “não me vejo trabalhando para ninguém, a não ser pra mim mesma”.
O MINEIRO DA ÁGUA DE COCO
Hélio Campos, de 52 anos, é vendedor ambulante e trabalha há mais de 22 anos com a venda de água de coco, e afirma que sente prazer em conhecer pessoas. Ele é natural de Minas Gerais, mas morou boa parte de sua vida no Pará. Ao sair da empresa em que trabalhava, em Belém, a única fonte de renda que encontrou, à época, foi o trabalho de ambulante, o que perdura até hoje.
Grande parte desses trabalhadores tira todo o sustento da informalidade, mas muitas vezes não são reconhecidos. Muitas dessas pessoas não possuem estudo formal, ou simplesmente não tiveram oportunidades melhores, mas todos possuem algo em comum: o amor pelo trabalho.
CARRINHO MÁGICO DE EDILSON
José Edilson, de 50 anos, se orgulha em falar da atividade que realiza “eu trabalho com prazer, conheci tanta gente boa”. Além disso, ele conta que se sente feliz em ter criado todos os filhos somente com a venda dos artigos e variedades do seu carrinho, que transita entre as ruas da Marabá Pioneira.
UMA VIDA DE TRAVESSIAS
José Júlio Pereira, de 58 anos, é barqueiro, filho de Marabá, e diz que a vida toda trabalhou na travessia de banhistas para a Praia do Tucunaré, atividade pela qual se apaixonou. Sabe que para exercer essa função é preciso atenção, cuidado e, sobretudo, o respeito. “O verão da cidade movimenta grande parte do meu lucro. Com o dinheiro que ganho, faço alguns reparos no barco, compro salva vidas novos e sustento a família”.
Ele Júlio confessa que, infelizmente, os passageiros vêm aos montes dia e noite no verão, mas que durante o inverno, em tempos de enchente, os barqueiros acabam ficando esquecidos às margens dos rios. Nesse tempo, quem vive disso, vive arrastando a trouxa”, compara.
SUPER MÁRIO FASHION
Mário Ribeiro, de 70 anos, o conhecido “Mário Fashion” é estilista, mas antes foi vendedor em algumas empresas. Ele conta que cursou a faculdade de moda e se encantou pelo ramo. O estilista e alfaiate montou seu ateliê há 23 anos, ainda na cidade onde morava, em Minas Gerais. Por acaso teve de vir à cidade de Marabá e aqui permaneceu, não largando mais a profissão: “vivo muito bem, não me falta nada”.
APRENDENDO COM OS CLIENTES
Assim como o alfaiate, Elsa Maria Machado de 56 anos, veio de outra cidade, trazendo consigo a coragem e a vontade de trabalhar. São 35 anos preparando um cafezinho quente, bolos de variados sabores e o ingrediente mais especial: amor em tudo que faz. “Os fregueses que me ensinaram a passar o café, outros me ensinaram as receitas dos bolos, assim fui levando”, revela.
Para ela, é um prazer ver as pessoas consumindo o que produz e conta que entre os muitos clientes alguns deles compram e levam os produtos para outras cidades e até mesmo para o exterior.
Além de criar os filhos, Elsa se orgulha em dizer que agora cria os netos somente preparando e vendendo café da manhã na rua.
ENTRE DOCES E COSMÉTICOS
O trabalho autônomo vai além do exercício, vira sinônimo de amor, dedicação e sobrevivência. Superação também está ligada ao trabalho informal, como na história da confeiteira e vendedora de cosméticos Karolany Alves, de 25 anos, que atualmente mora sozinha com o filho. Ela é universitária e mãe solo. Para a vendedora, o trabalho que desenvolve é fundamental, pois é sua principal fonte de renda atualmente. “Faço bolo desde os 13 anos de idade e aprendi sozinha. A minha principal fonte de renda vem da confeitaria”.
Para conciliar a maternidade e o trabalho, Karol diz que é preciso ter amor, dedicação e força de vontade. A venda dos cosméticos se tornou algo complementar, sendo iniciado no final do ano de 2022. A jovem mãe se encaminha para a conclusão da graduação de licenciatura em história e, apesar de ser apaixonada pela confeitaria, afirma que quer seguir no ramo do ensino. Mas enquanto esse dia não chega, ela segue fazendo doces, com muito amor.
(Milla Andrade)