Correio de Carajás

Censo do oceano quer descobrir 100 mil espécies marinhas nos próximos 10 anos

Iniciativa global conta com ajuda da tecnologia, como imagens subaquáticas de alta resolução e sequenciamento de DNA contido na água do mar

Estudos são essenciais para evitar impacto negativo na biodiversidade dos oceanos (Francesco Ungaro/Unsplash)

Pesquisadores embarcaram em uma ambiciosa iniciativa global para descobrir e registrar a vida marinha escondida nos oceanos do mundo.

O Ocean census visa identificar 100 mil espécies desconhecidas nos próximos 10 anos, permitindo que os cientistas entendam e protejem melhor o ecossistema do fundo do mar.

Existem enormes lacunas em nosso conhecimento das profundezas do oceano. Das 2,2 milhões de espécies que se acredita existirem nos oceanos da Terra, apenas 240 mil foram descritas pelos cientistas, de acordo com o censo.

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A iniciativa se baseia em projetos anteriores, como o Censo da Vida Marinha, que foi concluído em 2010 e identificou seis mil novas espécies oceânicas em potencial.

Novos avanços na tecnologia incluem imagens subaquáticas de alta resolução, aprendizado de máquina e sequenciamento de DNA contido na água do mar.

As inovações ajudarão a acelerar a velocidade e a escala da descoberta de novas formas de vida, disse o biólogo marinho Alex Rogers, diretor científico do projeto. Ele é professor de biologia da conservação na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

“Espero que ao final de 10 anos tenhamos feito algumas descobertas científicas incríveis, talvez ecossistemas completamente novos”, disse Rogers no evento de lançamento em Londres na quinta-feira.

Avanços tecnológicos

Normalmente, os cientistas levam pelo menos um ano para descrever definitivamente uma espécie após a descoberta, mas novos tipos de tecnologia estão facilitando muito o estudo das criaturas marinhas em seu habitat natural.

Isso inclui ferramentas como escaneamento a laser subaquático, que pode escanear criaturas gelatinosas, como medusas, que são difíceis de estudar em terra.

“Agora você pode observar (a criatura) na coluna de água e ver qual é a morfologia e estudá-la in situ”, disse Jyotika Virmani, diretora executiva do Schmidt Ocean Institute em Palo Alto, Califórnia, que participará do projeto.

“O que estamos caminhando é para um lugar onde talvez possamos até fazer identificação taxonômica na coluna d’água, em vez de trazer tudo de volta para a terra. E isso é realmente empolgante e fará as coisas andarem muito mais rápido.”

Todos os organismos vivos, incluindo humanos, dispersam material genético no meio ambiente, e o projeto também fará uso de técnicas novas e acessíveis para coletar amostras de DNA da água para detectar e rastrear espécies.

Embora muitas das espécies descobertas provavelmente estejam na extremidade menor da escala, Virmani observou que a criatura marinha mais longa do mundo só foi descoberta em 2020 na costa da Austrália Ocidental – um animal semelhante a uma corda de 150 pés conhecido como sifonóforo.

O Ocean Census também ajudará a identificar como os ecossistemas marinhos estão respondendo à crise climática e avaliar como a vida marinha pode se adaptar a um clima mais quente.

O projeto está sendo liderado por Nekton, um instituto de ciência marinha e conservação com sede no Reino Unido, e financiado pela The Nippon Foundation, uma fundação sem fins lucrativos com sede no Japão.

Durante a próxima década, dezenas de expedições aos hotspots de biodiversidade do oceano procurarão novas espécies envolvendo mergulhadores, submarinos e robôs de águas profundas. O projeto também espera envolver embarcações privadas e indivíduos.

Os dados e informações coletados serão acessíveis abertamente para cientistas, formuladores de políticas e o público para uso não comercial.

(Fonte: CNN Brasil/ Katie Hunt)