Correio de Carajás

Mãe “vende” filhas adolescentes à prostituição em Marabá

Uma das garotas, de apenas 14 anos, engravidou de um dos “clientes”. Justiça determinou que as menores fossem encaminhadas ao abrigo

Três meninas tiveram seus destinos mudados após grave denúncia que chegou às autoridades de Marabá

Uma adolescente de apenas 14 anos de idade engravidou após ser “vendida” pela própria mãe para ter relações sexuais com um homem. A denúncia só veio à tona porque a jovem contou, em sala de aula, que estava grávida e que era de um estuprador.

O caso, que aconteceu no Bairro Independência, em Marabá, chegou ao Conselho Tutelar em agosto de 2022 e, após ouvir a adolescente e sua irmã gêmea, que também passava pela mesma situação, chegou aos órgãos competentes para que fossem tomadas as devidas providências.

A mãe das meninas foi chamada ao Ministério Público do Estado do Pará para prestar esclarecimentos sobre a grave denúncia. Ela alega que a filha está grávida de um adolescente, que foi embora para a cidade de Itaituba. Além disso, os fatos atribuídos a ela sobre a suposta exploração sexual das filhas em troca de dinheiro.

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Mãe de onze filhos, a mulher afirmou aos representantes do MPPA que jamais faria isso com algum deles. Contudo, o relato da filha é que o ‘amigo da mãe’ (cujo nome será preservado pela reportagem para que não haja identificação das menores por meio dele), deu dinheiro para a genitora para que a menina ficasse com ele. Na segunda vez que o abuso aconteceu, a mãe amarrou os pés, mão e boca da menina para o homem abusar da adolescente, segundo o relato. Na terceira tentativa, o homem ficou passando a mão em suas partes íntimas.

A jovem denunciou a mãe, e a Polícia Civil esteve na residência da família.

Após várias oitivas das adolescentes, da mãe e de vizinhos, o Mistério Público enviou ao juiz da 4ª Vara Cível da Comarca de Marabá um pedido de medida de proteção em favor das gêmeas de 14 anos e da irmã mais nova, de apenas 4 anos, que também residia com a genitora.

A Promotoria de Justiça da Infância e Juventude informou que, em tese, a mãe ‘vende’ as filhas e se beneficia financeiramente das relações sexuais não consentidas entre o homem e as menores.

Ainda segundo o MPPA, uma das jovens abusadas foi posteriormente orientada por alguém a negar os fatos para não prejudicar a mãe. A menina grávida afirma que não deseja realizar aborto e que já escolheu o nome da criança, que é uma menina.

“O órgão entende que as adolescentes necessitam de acolhimento institucional, tendo em vista que a genitora expõe as filhas a situação de risco”, diz o documento.

O magistrado decidiu, então, pelo acolhimento institucional das duas gêmeas e da irmã de 4 anos. Ele também determinou a realização de estudo psicossocial pela Equipe Interdisciplinar da Vara da Infância, com os genitores e familiares extensos, devendo ser encaminhado relatório ao final a ele, magistrado.

Uma equipe técnica do MPPA foi até a residência da família e as adolescentes negam veementemente os fatos expostos, indicando que o pai do filho de uma delas é um jovem. Elas também afirmam que não desejam ser acolhidas institucionalmente, e que preferem permanecer sob os cuidados da genitora.

A última decisão sobre o caso é datada de 19 deste mês de abril, em que o juiz Manoel Antonio Silva Macedo, ao tomar ciência de que a filha da menor de 14 anos havia nascido, determinou o acolhimento institucional do bebê no Espaço de Acolhimento Provisório. Além disso, mandou que o Conselho Tutelar apresente, no prazo de 30 dias, relatório apontando a existência, ou não, de familiares extensos.

As duas adolescentes frequentam regularmente a escola e realizam atendimentos psicológicos no Centro de Referência Especializado de Assistência Social.

A menina de quatro anos deveria ter a guarda concedida ao pai biológico, mas também foi encaminhado ao EAP. (Ana Mangas)