Na tentativa de entender como funciona o envelhecimento e encontrar maneiras de desacelerá-lo, pesquisadores do mundo inteiro estão analisando as minúcias do funcionamento do corpo humano. Uma das últimas novidades no assunto foi divulgada nesta semana: cientistas dinamarqueses e espanhóis descobriram que as mulheres começam a apresentar os primeiros sinais do envelhecimento mais cedo, por volta dos 19 anos, mas o tempo passa de maneira mais gradual para elas.
Já para os homens, as mudanças surgem por volta dos 40 anos, mas se desenvolvem rapidamente. O estudo foi publicado na versão pré-print, ou seja, ainda não foi revisado pela comunidade científica.
Foram analisados, entre 1970 e 2018, marcadores celulares em 33 milhões de laudos de biópsia de 4,9 milhões de pessoas para verificar o envelhecimento dos órgãos. Os especialistas acreditam que o grande diferencial entre os sexos é a menopausa.
Leia mais:“No caso da mulher, há uma interrupção drástica da secreção dos hormônios ovarianos, e isso tem uma repercussão importante no curto, médio e longo prazo que pode condicionar o envelhecimento feminino”, explica o professor de fisiologia Manuel Tena-Sempere, da Universidade de Córdoba, na Espanha, em entrevista à revista New Scientist. Entre os homens, a diminuição nos níveis de hormônios andrógenos é gradual, causando consequências muito diferentes, de acordo com os especialistas.
Porém, os cientistas alertam que o levantamento tem uma grande limitação: todos os participantes buscaram atendimento médico e foram encaminhados para a biópsia antes de terem os dados analisados. Sabe-se que os homens, tradicionalmente, tendem a procurar um médico apenas quando os sintomas já estão avançados, ao contrário das mulheres. Assim, os resultados podem ter sido influenciados pela amostra de homens mais velhos.
Cada órgão envelhece no seu tempo
O mesmo estudo mostra que nem todos os tecidos do corpo envelhecem ao mesmo tempo, confirmando os achados de uma pesquisa espanhola publicada na revista científica Proceedings of the Real Society B.
Os cientistas descobriram que, ao longo da vida, as células vão criando várias cópias de si mesmas. No processo, informações são perdidas. Basta imaginar um papel que é copiado várias vezes – a tinta tende a ficar cada vez mais fraca e, eventualmente, fica difícil ler o que está escrito.
Com a perda de informações, os cromossomos vão ficando menores, diminuindo os telômeros (a tampa do cromossomo, como a parte rígida do cadarço, que limita o seu tamanho). Um dos marcadores do envelhecimento biológico é justamente o encurtamento dos telómeros, ou seja, quanto mais o tecido é copiado, mais rápido envelhece.
(Fonte: Metrópoles)